Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Improvável acontece no Allianz Parque e Corinthians é bicampeão  

Um gol antes do segundo minuto da decisão e mais quatro de pênaltis

Na casa verde o jogo de volta da decisão do Campeonato Paulista repetiu o de ida em Itaquera com sinal trocado.

Se no estádio alvinegro Borja fez um gol logo no sétimo minuto de jogo, no alviverde Rodriguinho marcou antes do segundo minuto.

Se no primeiro jogo o Corinthians tomou conta da bola e não conseguiu levar perigo ao gol do rival, no segundo o Palmeiras repetiu o enredo porque também pouco importunou Cássio, que só teve de trabalhar depois do jogo terminado.

Registre-se que o nível técnico da finalíssima superou o jogo anterior, o que não era difícil, mas, mesmo assim, deixou muito a desejar.

Apenas como o Palmeiras tem jogadores melhores foi possível uma subidinha de nível.

Mateus Vital acabou por ser fatal ao convidar Antônio Carlos para dançar e entregar a bola para Rodriguinho dar a vitória por 1 a 0 com a colaboração do lateral esquerdo Victor Luís, porque Jailson estava na bola.

Do gol em diante o goleiro palmeirense torceu dentro do campo e teve de operar apenas uma defesa, em cobrança de escanteio de Lucca.

Justo seria o empate, como justiça seria feita caso o time de melhor campanha fosse o campeão.

Mas teria sido profundamente injusto se o assoprador de apito não voltasse atrás no pênalti que marcou e que poderia ter dado o título ao Palmeiras, porque o desarme de Ralf em Dudu foi limpíssimo.

Embora do jeito que a tarde terminou Cássio fosse bem capaz de pegar como pegou as cobranças de Dudu e de Lucas Lima. Assim é o futebol, surpreendente e cruel.

Dudu foi o Marcelinho Carioca e Cássio, o São Marcos da vez, apesar de, então, estar em jogo uma classificação para a final da Libertadores, em 2000.

Claro, a Libertadores é incomparavelmente mais importante, mesmo que domingo (8) não fosse, por causa das singularidades do Dérbi decisivo.

Mas um título é um título, nada mais que um título, este, para os alvinegros, com sabor especial porque com um grupo de jogadores muito inferior ao do rival, a ponto de ter jogado bola pro mato durante todo o resto da decisão.

E todo o resto da decisão significou mais de 90 minutos de jogo, gato contra o rato, salvo seja, só que um gato de unhas comidas pelo nervosismo e incapaz de armar jogadas que pusessem em risco a ratoeira.

Talvez a melhor definição do embate esteja na cobrança do pênalti batido por Fagner, nas nuvens, da zona oeste para a leste, diante do maior público da curta história do estádio alviverde.

Ou na lambança do assoprador de apito ao criar para si mesmo um problema colossal.

Pior só mesmo a reação da rainha da Inglaterra que preside o Palmeiras ao declarar que o Estadual está manchado.

Manchado de verde? Não, pintado de preto e branco.

“Paulistinha”, ele disse, pelo que a família penhorada agradece. Manchado não seria nem mesmo se fruto de um pênalti inexistente.

Resta, como prometido, pedir desculpas aos companheiros Paulo Vinícius Coelho e Antero Greco.

Por mais que já tenha visto acontecerem coisas incríveis no futebol, desta vez a avaliação na solidez e na vantagem alviverdes causou a certeza desmentida pelos fatos.

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