Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu campeonato brasileiro Futebol

O que esperar do Brasileiro

O campeonato mais importante do país começa espremido pela Copa como se fosse num ano atípico

 

Só no Brasil os anos de Copa do Mundo são tratados como atípicos, como gostam de dizer os cartolas que nos aborrecem há décadas, embora não existam temporadas mais típicas exatamente por abrigar o grande festival planetário do futebol.

O Brasileiro terá rodada às vésperas do começo do torneio na Rússia e não deve estar longe o dia em que será disputado até mesmo durante uma Copa, tão poucos são, e serão, os jogadores em atividade no Brasil.

O 48º Campeonato Brasileiro começou neste sábado (14) com o jogo entre os dois times capazes de jogar o futebol mais agradável de se ver entre os 20 participantes: Cruzeiro e Grêmio, campeões estaduais neste ano, os mineiros vencedores da última Copa do Brasil e os gaúchos da Libertadores.

Os celestes sem nenhum jogador brasileiro cotado para ir à Rússia, os tricolores com três candidatos: Geromel, Arthur e Luan, embora seja provável a ausência do trio, uma pena principalmente em relação aos dois primeiros.

Torcida do Grêmio na partida final do Campeonato Gaúcho, contra o Brasil de Pelotas; time deu início ao Campeonato Brasileiro com jogo contra o Cruzeiro neste sábado (14)
Torcida do Grêmio na partida final do Campeonato Gaúcho, contra o Brasil de Pelotas; time deu início ao Campeonato Brasileiro com jogo contra o Cruzeiro neste sábado (14) - Lucas Uebel - 12.abr.2018/Grêmio FBPA

De Arrascaeta, do Cruzeiro, certamente estará pelo Uruguai.

A rara leitora e o raro leitor sempre esperam dos especialistas a lista dos favoritos e dos rebaixados, certamente pelo prazer em vê-los quebrar a cara.

Pois Grêmio e Cruzeiro são candidatíssimos, assim como o Palmeiras cuja estreia será nesta segunda (16), no Rio, contra o Botafogo.

Os demais, talvez liderados pelo frustrante Flamengo, ficam por conta das surpresas de sempre, tão frequentes que deixam de ser, caso eloquente do Corinthians.

Quem será o Corinthians da vez? O próprio?

Os candidatos ao rebaixamento são os de sempre, os de pouco investimento, vítimas da falta de um fundo comum que permita concorrer com um mínimo de igualdade: América-MG, Ceará, Paraná e Vitória se um dos já campeões em anos passados não der o ar da sua desgraça, como também é frequente.

O infelizmente previsível, quase sem margem de erro, será a pobreza técnica do certame, tomara ao menos emocionante, sem ninguém disparado no topo ou no chão da tabela.

Porque o campeonato segue organizado pela CBF, muito mais preocupada com a seleção brasileira composta pela legião de pé de obra exportada para o mundo afora.

"Nova" CBF antes e depois do "golpe Caboclo" capaz de ter entre seus "investigadores" (e perdão pelo excesso de aspas) do conselho de ética (em minúsculas mesmo) um coronel reformado que andou preso por participar da indústria dos jogos de azar. Isso quando a manipulação dos resultados no futebol é preocupação ampla, geral e irrestrita pelos quatro cantos do planeta bola.

Luiz Flaviano Furtado é o nome (sim, piada pronta!) do militar de pijamas, íntimo amigo de José Maria Marin. Para não falar de Gustavo Perrella, aquele dono de famoso helicóptero, nomeado clandestinamente como diretor da Casa Bandida do Futebol e trazido à luz pelo repórter Sérgio Rangel desta Folha.

De resto, os assopradores de apito seguirão protagonistas do campeonato porque seus organizadores, que nadam em dinheiro, não providenciaram a ferramenta da arbitragem de vídeo.

É claro!

Sabem como exercer seus podres poderes por meio do apito e do controle da dita justiça esportiva.

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