Se havia alguma dúvida sobre o quanto o futebol mudou, a vitória da Coreia do Sul sobre a Alemanha a liquidou. Claro, zebras houve antes e muitas em Copas do Mundo, desde a vitória dos Estados Unidos sobre a Inglaterra, em 1950, em Belo Horizonte, até a da Coreia do Norte sobre a então bicampeã Itália, em 1966, na Inglaterra.
A própria Coreia do Sul, bem mais recentemente, na Copa que sediou ao lado do Japão, em 2002, já havia eliminado, mas nas oitavas de final, a Itália, que não só tem motivos de sobras para ter pânico de orientais como nem veio à Rússia.
Mas esta Copa de 2018 está equilibrada demais e enterra de vez a famosa frase que tirante algumas poucas seleções “o resto é tudo japonês”.
Ou não tem mais japonês no futebol ou todos são japoneses, o que parece ser a hipótese mais adequada.
Quando sobrarem oito times para disputar as quartas de final, no máximo a metade será do seleto clube dos sete campeões mundiais, porque a Itália não veio, a Alemanha já foi e a França matou a Argentina nas oitavas.
Para não falar do risco corrido pelo Brasil contra o México, além do incômodo da Espanha em enfrentar os donos, embora fragílimos, da casa.
Porque não adianta olhar para os números da história e constatar que os brasileiros venceram os mexicanos 23 vezes e perderam 10 em 40 jogos; que já jogaram quatro vezes por Copas do Mundo e estão invictos com três vitórias. Porque o que vale é o recente, e neste século as notícias são ruins para o nosso futebol.
O empate em Copas do Mundo foi quatro anos atrás, em Fortaleza, e no século 21, em 14 jogos disputados, está 6 a 5 para eles.
Olhe que aí nem se computa a derrota mais doída, no santuário de Wembley, pela medalha de ouro olímpica em 2012, com Neymar e tudo, além de Thiago Silva e Marcelo, 2 a 1, dois gols de Peralta. A hierarquia do futebol foi para a cucuia.
O preparo físico, a diminuição dos espaços, a informação democratizada pela globalização, o intercâmbio esportivo, tudo colabora para a uniformização, de maneira tal que tem japonês nas oitavas de final e não tem alemão, tem “belgicano” —como dizia o folclórico presidente da FPF, João Mendonça Falcão— e não tem italiano.
Não era à toa que Sócrates propunha diminuir para dez o número de jogadores.
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