Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa do Mundo

Laterais, os heróis improváveis do Brasil

A seleção brasileira sempre os teve, indiscutíveis, como tantos, ou surpreendentes

Kazan

Uma Copa do Mundo é conquistada por heróis previsíveis e por heróis improváveis.

Para ser pentacampeã mundial, a seleção brasileira sempre os teve, indiscutíveis, como tantos, ou surpreendentes, como Amarildo, em 1962.

E é curioso como nessa trajetória os laterais têm contribuído para incrementar a improbabilidade. Em 1958, pelo lado direito da defesa, Djalma Santos (registrado como Dejalma dos Santos) jogou apenas a final contra a Suécia, no lugar do são-paulino De Sordi, machucado. Tanto bastou para ele, então na Portuguesa, ser eleito o melhor lateral direito da Copa na Suécia.

Em 1962, no Chile, é verdade, a dupla santificada de laterais, Djalma e Nilton Santos, não deu chance para ninguém.

Já em 1970, no México, o lateral-esquerdo do Fluminense Marco Antônio vacilou e o gremista Everaldo, com muito menos recursos técnicos, fez uma Copa impecável.

Mas é em 1994, nos Estados Unidos, que a saga dos laterais atinge seu auge.

Jorginho se machucou na final, e o lateral direito Cafu, também do São Paulo como De Sordi, entrou para não falhar contra a Itália.

Antes dele, cercado de desconfiança, na esquerda, Branco substituiu o titular Leonardo, suspenso depois de dar uma cotovelada no uruguaio naturalizado norte-americano Tab Ramos.

Antes, todos queríamos a convocação de Roberto Carlos, que despontava como lateral extraordinário, mas, mesmo machucado, o veterano Branco permaneceu e entrou no jogo contra a Holanda para marcar o rapidíssimo Marc Overmars.

Não só o jogador, também do Fluminense como Marco Antônio, deu conta do recado como fez o gol da vitória por 3 a 2, ao bater falta que veio em seguida à outra feita por ele em Overmars, não marcada pela arbitragem.

Em 2002, a saga aquietou-se novamente como 40 anos antes, porque Cafu, de um lado, e Roberto Carlos, do outro, reinaram absolutos. Eis que agora não apenas uma, mas as duas laterais viraram problemas e encontraram pelo menos uma solução surpreendente.

Filipe Luís, sabia-se, no lugar de Marcelo deu mais segurança à defesa pela esquerda, apesar da perda evidente em talento no apoio. E o terceiro lateral direito, o corintiano Fagner, cumpre com seriedade, mesmo sem brilho, sua missão. Nesta sexta (6) terá o capitão belga Eden Hazard pela frente, como Branco teve Overmars. Que o resultado seja o mesmo. Oremos!

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