Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa do Mundo

Moscou entre o inédito e o previsível

A Croácia chegou ao ponto mais alto do pódio em sua história, e não tem nada a perder

Moscou

O primeiro tempo entre Croácia e Inglaterra foi jogo entre adultos e crianças, no qual os britânicos, autores de um gol logo de cara, fizeram o papel dos adultos e não permitiram às crianças croatas um mínimo de oportunidades.

Já o segundo tempo reuniu a arrogância inglesa de supor ter o jogo nas mãos e a vontade croata de fazer história, de não se render. O prêmio veio na bola aérea, quando Walker falhou e permitiu a antecipação de Perisic.

Pronto, estava posta a cena de nova prorrogação, a terceira dos croatas, a segunda dos ingleses, embora por duas vezes a Croácia quase tenha virado, até com bola na trave. Como o futebol gosta de dramas, a Croácia salvou o segundo gol inglês no começo do primeiro tempo na linha fatal e a Inglaterra salvou o da virada croata no fim.

Até que Mandzukic virou, numa jogada maluca, em que a bola sobrou para ele da maneira mais improvável possível.

 

Pegue os jornais do dia 2 de dezembro de 2017 e ganhe uma passagem para Zagreb se você encontrar um, apenas um, não precisa mais, analista que apontasse a Croácia na final da Copa depois do sorteio feito no Kremlin, em Moscou. Vale buscar nos jornais de todas as partes do mundo, da Croácia, inclusive. Pois eis que a seleção de Modric, Rakitic e Mandzukic chegou lá depois de superar barreiras das mais complicadas, dos anfitriões da Copa do Mundo aos inventores do futebol moderno, com prorrogações, com pênaltis, quando tudo parecia perdido.

A Croácia olha para a favorita França e diz "pode vir porque nada mais nos assusta". Quem chegou até aqui, e já chegou ao ponto mais alto do pódio em sua história, não tem mesmo nada a perder nem o que temer.

A Croácia poderá ser o nono membro do seleto clube dos campeões mundiais, façanha que tornará inesquecível o torneio na Rússia e fará do sonho do bicampeonato francês um pesadelo que apagará a Torre Eiffel e todas as luzes de Paris, preparada para a festa tricolor e para rezar bem mais que uma missa. Porque você também não encontrará pelo mundo afora nem sequer um jornal que não apontasse a França como uma das favoritas ao título.

Se vocês, rara leitora e raro leitor, gostam de futebol e não apenas do Brasil, ou só de ganhar, no domingo, 15 de julho, às 12h, haverá um encontro com o inédito ou com o previsível.

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