Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Na era dos boatos e fake news, é melhor tomar muito cuidado

Querem nos fazer acreditar em várias coisas, até que um jogador negro fez quase 1.300 gols

Você, rara leitora e raro leitor que ainda me leem sem me xingar, e você, raro leitor e rara leitora, que leem para xingar, saibam que há quem diga ter existido um tal de Rei Pelé, segundo os farsantes, autor de mais de 1.200 gols.

Pelé posa para foto ao lado do ator americano Will Smith em um jantar
Pelé posa para foto ao lado do ator americano Will Smith em um jantar - Reprodução/Instagram

Acredita nisso só quem acha ter existido o Holocausto ou tortura no Brasil do golpe, quer dizer, revolução, isto é, movimento de 1964.

Imagine se é possível crer numa história tão fantasiosa como essa: um jogador sozinho ter marcado quase 1.300 gols, negro ainda por cima e pesando quase cinco arrobas.

Ora, ora, quem acredita nisso acredita em qualquer coisa, até na existência de Deus.

Cuidado!

Estamos vivendo tempos de muitas mentiras, campanhas insidiosas contra a família brasileira que, como se sabe, é composta por um homem, deputado, três mulheres e quatro filhos, todos deputados ou vereadores ou, até, agora senador, além de uma menina, fruto de “fraquejada”.

É preciso estar atento para as notícias falsas, as tais fake news.

Por exemplo: já tem uns comunistas tentando reescrever a história das Copas do Mundo ao negar a venda, pela CBF e pela Nike, da Copa de 1998, na França, quando até a grama sabe da farsa inventada sobre a convulsão de Ronaldo Fenômeno, mera desculpa para justificar o 3 a 0 imposto pelos de vermelho (veja bem, vermelho!), azul e branco.

Não faltam, também, os fanáticos dispostos a propagar a lisura dos títulos conquistados pelo Corinthians, quando se sabe terem sido, todos eles, repita-se, todos, frutos de armação dos assopradores de apito, principalmente depois da ascensão do PT.

Não foi à toa, afinal, que durante 13 anos, entre 1964 e 1977, sob a proteção do “movimento”, os alvinegros jejuaram. Porque vivíamos tempos de paz e prosperidade, decência e absoluta liberdade.

É necessário estar cego e surdo para não perceber o embuste dos defensores de ideias como as que imputam o 7 a 1 dos alemães à supremacia da raça ariana, quando se sabe ter sido o nazismo resultante do pensamento esquerdista.

É fundamental dizermos “ele não” para um músico inglês, cujo pai lutou e morreu do lado errado na Segunda Guerra Mundial, e que vem aqui fazer campanha antifascista só porque ficou órfão com cinco meses de vida. Que vá cantar em Cuba!

Telão no show de Roger Waters faz protesto contra o que chama de ascensão do neofascismo
Telão no show de Roger Waters faz protesto contra o que chama de ascensão do neofascismo - Reprodução/Twitter

Tem mais.

Apesar de muitos não quererem ver, a Democracia Corinthiana foi coisa de três ou quatro, assim como o 13º salário é um absurdo e as férias de 30 dias um crime contra a economia do país, incentivo à vagabundagem.

Essa gente insidiosa quer nos fazer crer que os negros vieram da África para cá forçados, não por livre e espontânea vontade em busca da terra prometida, ou que o planeta é redondo como uma bola de futebol, imagine, e não plana como o gramado do Maracanã.

Fosse mesmo redonda e nós já teríamos caído na imensidão do espaço, basta pensar.

Ainda há quem diga ser a democracia um péssimo regime, embora não tenham inventado nada melhor.

Bobagem, arrematada bobagem!

Regime bom é o dos notáveis, desde jovens acostumados em bater continência e não discutir ordens recebidas, a famosa obediência devida.

Enfim, cuide-se contra os que dizem serem adeptos do “militar para mim é verbo”.

E nunca mais repitam as lendas sobre o tal do Rei Pelé.

Até porque a monarquia acabou no Brasil em 1889, graças ao Marechal Deodoro da Fonseca.

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