Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Nem o presidente da Argentina queria ver Boca e River na decisão

Mauricio Macri diz que ninguém dormirá no país à espera do desenlace

Jogadores do Boca Juniors comemoram classificação diante do Palmeiras no Allianz Parque
Jogadores do Boca Juniors comemoram classificação diante do Palmeiras no Allianz Parque - Leonardo Benassatto/Reuters

O Grêmio está fora da final do torneio continental não por causa do VAR ou porque o treinador do River Plate, Marcelo Gallardo, descumpriu a exagerada suspensão imposta pelo tribunal da Conmebol.

Convenhamos que um minuto de atraso não justifica tirar um técnico de semifinal alguma.

Nem por isso ele deve se livrar, agora, de pena dura, mas jamais a perda dos pontos.

Comparar com as punições ao Santos e à Chapecoense, que escalaram jogadores irregularmente, como quer o Grêmio, é absolutamente desproporcional.

O Grêmio acabou eliminado porque jogou o primeiro tempo em sua casa enlouquecida de maneira covarde, tímida, como se diz, com o regulamento embaixo do braço, e abdicou de jogar futebol.

Acabou castigado nos minutos finais do mesmo modo como o Palmeiras havia sido na Bombonera, por atuar de maneira semelhante.

Diferentemente dos times brasileiros, os argentinos não se intimidam ao jogar como visitantes e, em Porto Alegre, ficou clara a disposição do River Plate para jogar futebol, diferentemente do Grêmio.

Ao desperdiçar a chance de disputar sua sexta final continental, e permitir ao River que o faça, o tricolor gaúcho jogou fora, também, uma temporada sem títulos importantes, apesar de seu bom time para os padrões brasileiros.

Aliás, aí é que está: para os padrões brasileiros, de costas para o desempenho, preocupado apenas com o resultado.

Jogadores do River Plate comemoram a classificação na Arena do Grêmio - Ricardo Moraes/Reuters

Alguma razão haverá para os treinadores argentinos comandarem boa parte das seleções sul-americanas, ou grandes clubes europeus, e os brasileiros, ao contrário.

Daí termos a inédita decisão entre os gigantes portenhos, dois clássicos que deveriam ser disputados um tempo na Bombonera, outro no Monumental de Nuñez, mais um em Wembley e o último no Santiago Bernabéu, Camp Nou, ou no Stade de France, em homenagem aos atuais campeões mundiais.

Mauricio Macri, ex-presidente do Boca entre 1995 e 2007, diz que ninguém dormirá na Argentina à espera do desenlace, primeiro jogo na casa dos xeneizes, segundo no estádio dos millonarios.

“Para ser sincero, prefiro que ganhe um clube brasileiro e não tenhamos essa final, porque seriam três semanas sem dormir”, disse, rindo, Macri à uma emissora de rádio.

Pois o Grêmio e o Palmeiras frustraram o político. Como frustraram quem sonhava em ver uma final brasileira, como, em 2005, entre São Paulo e Atlético Paranaense e, no ano seguinte, entre Inter e São Paulo, as duas únicas até aqui entre times do mesmo país.

Decepcionaram mais ou menos pelos mesmos motivos.

Se os brasileiros do Sul venceram o jogo de ida e se retraíram no de volta, apesar de terem feito um segundo tempo bem melhor, os do Sudeste perderam em Buenos Aires por também terem jogado pelo empate. Ficou dificílimo virar em casa.

Hexacampeão continental, o Boca disputará sua 11ª final para tentar evitar o tetra do rival no chamado Superclássico —desde 1905, 133 vitórias do Boca, contra 122 e 113 empates. Portanto, o jogo decisivo será o 370°.

E por que o Boca está na final?

Porque jogou em São Paulo sem dar a menor pelota por estar fora de casa e fez 1 a 0, com Ábila, nem bem o jogo começara, depois de já ter criado duas chances claras de gol.

O Palmeiras reagiu, fez segundo tempo muito bom, virou para 2 a 1, mas Benedetto, outra vez, estragou tudo e empatou.

Veremos as finais na televisão.

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