Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Nada é fácil na Libertadores

Só o Cruzeiro tem por que estar feliz depois do sorteio no torneio continental

A pergunta é inevitável, ainda mais em tempos de férias do futebol no Patropi: “O que você achou do sorteio da Libertadores?”

A resposta varia.

Se quem perguntou estiver com tempo para ouvir o exame de cada um dos grupos ou adversários dos clubes brasileiros, a resposta pode ser detalhada de maneira a satisfazer os torcedores do Palmeiras, do Flamengo, Inter, Grêmio, Cruzeiro, Athletico Paranaense, São Paulo e Atlético Mineiro.

Satisfazer, bem entendido, no sentido de tentar esmiuçar cada situação, embora ninguém saiba, de verdade, como estarão os times quando o torneio continental começar.

O troféu da Libertadores em cerimônia do sorteio dos grupos da edição 2019
O troféu da Libertadores em cerimônia do sorteio dos grupos da edição 2019 - Norberto Duarte - 17.dez.18/AFP

Porque deixar os torcedores brasileiros alegres com as análises são outros quinhentos.

Em bom português, não há motivo algum para olhar com otimismo a participação de nossos times em qualquer torneio que se apresente.

Com exceção do Cruzeiro, todos os demais clubes nacionais correrão riscos, uns mais, outros menos.

O time azul mineiro caiu num grupo mole, com os equatorianos do Emelec, os venezuelanos do Deportivo Lara e os argentinos do Huracan. Seu maior problema será o logístico, por causa das viagens a Guayaquil e Lara.

Já o alvinegro mineiro deve encontrar mais dificuldades com os adversários da chamada pré-Libertadores do que com o grupo que eventualmente preencherá caso chegue nele.

O Athletico, que não é mais xará do Atlético, terá vida duríssima, sem Pablo e com Boca Juniors, Tolima (o clube cujo nome os corintianos não podem nem ouvir falar) e Jorge Wilstermann, a 2.800 metros de altitude na cidade boliviana de Sucre.

O Inter se encontrará com o River Plate, que dispensa apresentação quando não enfrenta times dos Emirados Árabes, e, tomara, com o São Paulo, além do fraco Alianza Lima.

Um brasileiro se safará, mas qual?

Claro, depende, primeiramente, do tricolor paulista superar o Talleres argentino e, provavelmente, o colombiano Independiente de Medellín, duas paradas duras em começo de temporada.

Admitamos ser a missão do Grêmio menos complicada, por enquanto com apenas a Universidade Católica e o Rosario Central, mas sejamos humildes, porque, objetivamente, o futebol brasileiro não anda com essa bola toda.

Finalmente, o vice-campeão e o campeão brasileiros.

O Flamengo tem sido uma decepção a cada classificação para disputar o torneio, vencido apenas em 1981 e quando tinha Zico e companhia.

Desta vez, terá o Peñarol, mais tradição que futebol, e a LDU do Equador, além de um time boliviano.
As altitudes de Quito, 2.850 metros, e de Oruro, que deve ter garantido a classificação do San Jose na noite da quarta-feira (19), insuportáveis 3.700 metros, serão seus maiores adversários, empecilhos também para a campanha rubro-negra no Brasileiro.

Finalmente, o Palmeiras, apontado como favorito para todas as disputas deste lado do mundo, desde que sem ufanismo, coisa proibida pelo Felipão.

O San Lorenzo sempre será complicado, mas o Junior Barranquilla nem tanto. 

Seu terceiro adversário tende a ser a Universidad de Chile, tradicional, nada além disso hoje, mas uma incógnita quando a Libertadores começar na fase de grupos, em março.

Na verdade, todos são incógnitas entre hoje e daqui a mais de três meses, especialmente os times chilenos, provavelmente reforçados pela possibilidade de disputarem a final, em jogo único, no Estádio Nacional de Santiago, dia 23 de novembro de 2019.

Até lá, quanta água, e quanto sangue, correrão pelas veias, e esgotos, da América Latina?

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