Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Torneio da Fifa chega às semifinais e favoritos terão vida dura

River e Real Madrid têm obrigação de vencer e correm o risco de entrar em campo com vergonha de perder

Homens de branco em gramado, abraçados e em fila, em gramado
Modric posa com colegas do Real Madrid e seu troféu da Bola de Ouro antes de partida pelo Campeonato Espanhol, no sábado (15) - Gabriel Bouys/AFP

É possível que o River Plate destrua o Al Ain, anfitrião e campeão dos Emirados Árabes, sede do Mundial de Clubes da Fifa, nesta terça-feira (18).

Como é provável que o Real Madrid faça o mesmo com o japonês Kashima Antlers, na quarta-feira (19), ambos os jogos às 14h30 (de Brasília).

Mas não será surpresa se houver alguma surpresa, se é que a rara leitora e o raro leitor me entendem.

É que as semifinais desses Mundiais são aqueles jogos perigosos, nos quais os favoritos são além de favoritos, têm a tal obrigação de vencer e correm o risco de entrar em campo com vergonha de perder.

Perder soa como vexame, experiências duramente vividas pelo Inter, em 2010, derrotado pelo congolês Mazembe, e pelo Atlético Mineiro, diante do marroquino Raja Casablanca.

Verdade que é difícil dizer se chegar à final, como o Santos, em 2011, e levar um baile, além de goleada por 4 a 0, contra o Barcelona, não é ainda pior.

Argentinos e espanhóis são os favoritos destacados para decidirem o título em Abu Dhabi, no próximo sábado (22).

Só que o Al Ain corre como o diabo fugindo da cruz e marcou seis gols em dois jogos, ao eliminar o Team Wellington, da Nova Zelândia e campeão da Oceania, e o Espérance, da Tunísia e campeão da África.

A vitória contra os neozelandeses foi de arrepiar, pois os árabes sofreram 3 a 0, buscaram o empate e venceram nos "pontapés da marca da grande penalidade", como descreveu o sítio português SIC Notícias. 

Contra os tunisianos não houve drama, num 3 a 0 categórico.

Ao River restará se impor depois de ter tirado 500 quilos das costas ao vencer o Boca Juniors na final da Libertadores.

Já para o Real Madrid, em péssimo momento, em busca do tricampeonato seguido, do seu quarto título no torneio da Fifa e o sétimo mundial, fica a necessidade de mostrar o quanto cresce quando a competição é grande.

Voltará a enfrentar os japoneses que só derrotaram, dois anos atrás, na final, na prorrogação, depois de empatar no tempo normal por 2 a 2, quando perdiam de 2 a 1.

Então, o Kashima, como representante do país sede, havia eliminado o colombiano Atlético Nacional com sonoros 3 a 0 na semifinais e os madridistas, além de Zinédine Zidane no banco, tinham Cristiano Ronaldo em campo, autor do gol de empate e dos dois tentos no tempo extra. Não têm mais.

Agora, como campeões asiáticos, os nipônicos despacharam o mexicano Chivas Guadalajara sem maiores problemas, por 3 a 2, segundo gol do campeão da Concacaf já no finzinho do jogo.

É inegável: a antiga Taça Intercontinental tinha mais charme, quando o duelo se resumia aos campeões da América do Sul e da Europa.

Como é inegável que a fórmula atual, com os campeões de todos os continentes, tem proporcionado a graça das surpresas. 

Em 14 edições, por três vezes, os sul-americanos caíram nas semifinais —e o velho espírito de porco fica na expectativa do dia em que o representante europeu será a vítima.

Talvez aconteça agora com o clube mais vitorioso da história, talvez não.

Se a decisão for a esperada por todos, é batata que o River terá uma chance de ouro para interromper a série de quatro conquistas espanholas —a de 2015, do Barcelona, exatamente contra seu time, vencido por 3 a 0, dois gols de Suárez, um de Messi e dois passes para gol de Neymar.

Longe de prever a bizarrice de uma final entre Al Ain e Kashima, é bom não duvidar dos deuses dos estádios.

Porque, como as bruxas que não existem, eles adoram pregar peças.

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