Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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A espanholização que não veio no futebol brasileiro

O que seriam Flamengo e Corinthians mudou para Flamengo e Palmeiras?

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Algum tempo atrás, por causa da distribuição de verbas da TV, houve quem previsse a chamada espanholização do futebol brasileiro e que Flamengo e Corinthians assumiriam o papel desempenhado por Real Madrid e Barcelona.

Ajudava a previsão o fato de o rubro-negro carioca começar um saudável processo de gestão responsável e as promessas do cartola corintiano Andrés Sanchez em fazer do clube um dos três maiores do mundo em cinco anos.

Quem acompanha a coluna sabe que a teoria nunca foi aceita por aqui. Porque o Brasil não é a Espanha e mesmo os clubes não tão populares têm massas suficientemente grandes para respaldá-los.

Os dois grandes gaúchos, os dois mineiros, o ascendente Athletico-PR, quem sabe o Bahia, não nasceram para aceitar papel subalterno, jamais serão o Getafe ou até o Valencia.

Para não citar o óbvio, como a grandeza do São Paulo, do Palmeiras, do Vasco, embora haja motivos de preocupação para Santos, Fluminense e Botafogo.

Aos mais frágeis, a única tábua da salvação está na liga de clubes.

Mexe daqui, mexe dali, os ventos do momento apontam para eventual hegemonia ainda do Flamengo e, certamente, do Palmeiras.

O risco na Gávea é o da implosão do saneamento financeiro em nome de ser campeão a qualquer custo.
O investimento de quase 90 milhões de reais em De Arrascaeta, Gabigol e Rodrigo Caio dá a medida do quão ansiosa está a nova diretoria.

A situação do Palmeiras é outra, aparentemente bem mais escorada para se tornar autossustentável.
Também é evidente que ter mais dinheiro não redunda, necessariamente, em taças. São incontáveis os exemplos de times, ou ataques, dos sonhos que fracassam.

Alexandre Mattos apresenta os reforços do Palmeiras para 2019
Alexandre Mattos apresenta os reforços do Palmeiras para 2019 - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Para ficar no chavão, dinheiro ajuda, mas não é tudo. Principalmente no futebol, tão afeito ao imprevisto e aos mata-matas.

Ainda na semana passada, o lanterninha do Campeonato Francês, Guingamp, eliminou o milionário PSG de Neymar e companhia da Copa da Liga Francesa, em Paris, por 2 a 1, fruto de dois gols de pênalti. Diga-se que foram três os pênaltis marcados para o pequeno na casa do grande, coisa que só pode ser atribuída ao Imprevisível da Silva.

Dito isso, é fácil dizer também que o Guingamp, clube de uma comuna de menos de 8.000 habitantes a 480 quilômetros da capital, não ganhará a Copa e será rebaixado e que o Paris Saint-Germain ganhará novamente o campeonato. 

Em resumo: na França estamos diante do monopólio do PSG graças a um biliardário qatari, às vezes surpreendido; na Espanha, apesar da dupla hegemônica ainda existe o Atlético de Madri para incomodar e, aqui, enquanto o modelo de gestão for da mão para boca, não se separar o futebol da área social e criar as sociedades anônimas do futebol, será difícil o estabelecimento de impérios duradouros.

A aposta do ano é na soberania das cores verde, vermelha e preta. Amanhã, “chi lo sa”?

Tsunami

O Ministério Público gaúcho abriu a caixa preta da gestão passada no Inter ao revelar a associação milionária entre cartolas e empresários de atletas. Se o exemplo for seguido, os MPs estaduais destamparão o submundo de nosso futebol.

Burrada

A reportagem de Danielle Brant e Paulo Passos sobre a obra que a Globo Livros não publicou, sobre o Fifagate, repercutiu mais do que repercutiria o próprio livro.

É o que acontece quando se é mais realista que o rei.

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