Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Deu gosto assistir ao Santos de Sampaoli

Técnico argentino traz ideias do futebol moderno para a realidade brasileira

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Em 1994, antes da final da Copa do Mundo entre Brasil e Itália, Carlos Alberto Parreira, o técnico da seleção nacional, reagia às críticas dos que argumentavam que o time canarinho jogava o chamado futebol de resultados e, assim, contrariava o estilo brasileiro de jogar.

"Jogamos o futebol mundial", respondia. "Do mesmo modo que existem o Monza, o Escort, o Golf, carros mundiais", enfatizava.

A ideia básica era a de ficar com a bola, "porque quando ela está comigo não corro risco de sofrer gol", insistia.

O tecnico santista, Jorge Sampaoli em treino do Santos no CT Rei Pelé.
O tecnico santista, Jorge Sampaoli em treino do Santos no CT Rei Pelé. - Ivan Storti-17.jan.19/Santos FC

Pois Jorge Sampaoli está fazendo o Santos jogar o jogo que se joga hoje pelo planeta afora, sem a lentidão e os chutões dos nossos times.

Veloz, vertical, no erro do adversário, com a dificuldade de não ter o melhor material humano para acertar mais no seu planejamento.

Com um time individualmente inferior ao rival, coletivamente a equipe do argentino fez primeiro tempo melhor e saiu na frente, no fim, na velha bola parada, com Luiz Felipe, de cabeça.

Não pensem a rara leitora e o raro leitor que o Santos voltou para o segundo tempo com intenção de segurar o resultado, outra marca registrada dos times por aqui.

Nada disso.

Jogou com a mesma fúria até fazer em contra-ataque o segundo gol, de Derlis González, em passe perfeito de Alison. 

E quando o São Paulo tentou pressionar, a defesa santista, dobrando a marcação, impediu que o goleiro Vanderlei tivesse que trabalhar com as mãos, só com os pés, e bem.

Deu gosto de ver o Santos, o único time 100% no Paulistinha.

Como seu bem-vindo treinador.

Gente fina

Você já cansou de ler por aqui a queixa sobre ser o futebol um imã para pessoas de má índole, com exceções de praxe.

Na cartolagem se conta nos dedos quem se salva. Entre os patrocinadores também não é muito diferente.
A estranheza mais recente é a parceria do Corinthians com o BMG —lembremos, o banco do valerioduto, do mensalão mineiro.

O negócio pode até ser bom para o clube, desde que a torcida, em atitude inédita no país, compre a ideia das promoções que vêm por aí como iniciativas da instituição financeira.

Assegurou-se um piso e busca-se dividir os lucros dos produtos a serem lançados.

Se não der certo, rompe-se o contrato, já assegurados R$ 30 milhões para pagar atrasados —Tite não recebeu ainda o prêmio pelo Mundial de 2012!—, honrar os salários atuais e fazer contratações.

Não haveria problema não fosse um detalhe singelo, mas que no futebol equivale a xingar a mãe de quem reclamou: transparência.

A direção corintiana não se incomodou em desfazer a impressão de que o contrato era de R$ 30 milhões anuais até que a ata do banco veio à luz por meio do jornalista Erich Beting. Ata que o BMG tirou de seu sítio em seguida...

Teria sido tão mais simples —e correto, e transparente—, além de poupar o escárnio obrigatório dos rivais.

Sim, o dono do BMG não quer ser presidente do Corinthians —nem pagar perto do que paga a dona do concorrente em busca de presidir o maior adversário.

Depois de 21 meses a ver navios, camisa sem patrocínio principal, o que era para ser comemorado virou desconfiança, cobrança e explicações sem fim.

Uma nota oficial no ato do acordo, como a que foi feita longos oito dias depois, teria resolvido tudo.
Mas no futebol a linha reta nunca é a menor distância entre dois pontos.

Erramos: o texto foi alterado

Por um erro da Redação, foi publicado que o passe para o segundo gol do Santos foi do colombiano Felipe Aguilar. Na verdade, o passe foi de Alison. O texto foi corrigido

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