Jorge Sampaoli talvez esteja mais para tango, o mais moderno, no embalo de Astor Piazzolla.
Fez o Santos ficar com a bola, nada dessa história de dá-la para o adversário e impediu que a Ferroviária incomodasse o goleiro Vanderlei, xodó da torcida praiana, suplicante por reforços.
Como todo bom tanguista, no caso sem milonga, Sampaoli tem queixas procedentes, veio meio às cegas para a Vila Belmiro, sem saber das dificuldades financeiras do clube, muito mais propenso a vender do que a comprar.
Como Carlos Gardel, “Si aquella boca mentía, el amor que me ofrecía, por aquellos ojos brujos yo habría dado siempre más!”.
Não, o Santos que o acolhe não é mais o de Pelé, nem mesmo o de Neymar, porque o de Ronaldinho Gaúcho nunca foi —como ele incluiu indevidamente em sua entrevista depois do empate no amistoso contra o Corinthians.
Sampaoli dançará miudinho nas areias movediças do litoral paulista, mas já mostrou ser capaz de organizar o time mesmo sem contar com jogadores como Bruno Henrique, seduzido pelo samba enredo do Flamengo, cravejado de brilhantes.
De novo, no Santos, só ele. Será pouco?
Já André Jardine colheu os primeiros frutos de seu trabalho na virada são-paulina sobre o Mirassol.
O resultado de 4 a 1 importa menos, até porque os dois últimos gols foram feitos contra o frágil Mirassol com apenas dez jogadores.
A segunda vitória tricolor em oito jogos sob seu comando revelou um time eficaz nas bolas paradas e, ainda sem Hernanes, com Pablo pintando um futuro promissor, porque além de inteligente é goleador.
Tanto para o Santos quanto para o São Paulo o Paulistinha deverá servir para isso, para mostrar até que ponto as novidades de cada um bastarão para cumprir uma temporada digna, à altura de suas histórias.
Se o público na Vila não chegou a 8 mil torcedores, no Pacaembu bateu em 22 mil, prova do ceticismo dos alvinegros e do otimismo dos tricolores.
Nada que se compare à esperança dos corintianos, que começaram a busca pelo 30° título estadual com mais de 31 mil fiéis em Itaquera, apesar de saberem que ainda não veriam o argentino Mauro Boselli jogar, só seriam apresentados ao centroavante, promessa dos gols que faltaram em 2018.
Como faltaram contra o São Caetano.
O asa negra do Corinthians saiu na frente e segurou a vitória até o último minuto dos acréscimos, quando Henrique empatou 1 a 1.
Das caras novas do Alvinegro, a dupla vinda do Fluminense foi mal, pois Richard fez pênalti infantil e Sornoza mais errou que acertou. Ambos, por sinal, foram corretamente substituídos, o segundo por Gustavo Mosquito que prefere ser chamado de Silva, por ignorar que Mosquito é o apelido de um campeão mundial de basquete pela seleção brasileira em 1963, excelente armador do Palmeiras e do Sírio, o octogenário, e saudabilíssimo, Carlos Domingos Massini.
Há muito por fazer nos três grandes que apenas começam suas temporadas, mas o importante é constatar que os três têm boas perspectivas.
Nada que se compare à situação do Palmeiras.
Dado o adiantado da hora da estreia do Alviverde, considerações a respeito do campeão brasileiro ficarão para outro dia, embora, aí, por mais caras novas que haja, novidade não há: trata-se do grande favorito de 2019.
Como favoritismo não é sinônimo de vitória, veremos o que o futuro reserva para cada um.
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