O Santos pode perder nesta quinta-feira (31) para o Bragantino. É secundário.
Não se tratará aqui de resultados, mas de desempenho.
Para tentar responder uma pergunta simples: por que o técnico Jorge Sampaoli conseguiu tão rapidamente fazer o Santos jogar como ele quer?
Parece não haver dúvidas de que a Vila Belmiro abriga o elenco menos qualificado entre os quatro grandes e, no entanto, com os mesmos poucos dias e jogos de seus rivais, tem o time que apresentou o melhor futebol.
Não dizemos sempre serem necessários ao menos seis meses para um técnico mostrar serviço?
Esqueça o Palmeiras porque o Palmeiras está pronto, só terá de ser aprimorado, lapidado e, por enquanto, aproveitou suas partidas para treinar. Provavelmente no próximo sábado (2), contra o Corinthians, mostrará mais a sua cara.
Lembrem-se as raras leitoras e os raros leitores que é muito cedo ainda para críticas ou elogios definitivos, não é hora de concluir coisa alguma.
Mas a pergunta permanece: o que Sampaoli tem que os outros não têm? Boas ideias?
André Jardine também as tem, assim como Fábio Carille, comprovadamente especialista em bons resultados, não exatamente em futebol vistoso, com elenco, no ano passado, equivalente ao santista atual.
Sampaoli não investe em resultados magros, não manda seu time bater, nem fazer cera. Quer rapidez e verticalidade e já as conseguiu.
É, mas fracassou na Copa ao comandar a seleção argentina de Lionel Messi e outros cobras.
Será que o segredo dele é comandar atletas comuns?
Será que não se dá bem com estrelas?
Já se especulou sobre isso a respeito de Tite, durante a Copa russa, para desgosto, manifestado à equipe da Folha, dos que o assessoravam em Sochi.
Sampaoli viu Dodô, Bruno Henrique e Gabriel irem embora e apesar disso fez o time mostrar o resultado de seu trabalho logo no primeiro amistoso da temporada, em Itaquera; um pouquinho mais na magra vitória sobre a Ferroviária; outro tanto na goleada sobre o São Bento, em Sorocaba, e muito no categórico triunfo para cima do São Paulo.
O Santos deixou de ser a caricata quarta força para ser favorito?
Não, nem uma coisa, nem outra, e precisará fazer o que puder para reforçar seu elenco se pretender manter a boa campanha.
O que se pode afirmar é que o clube trouxe um profissional que parece destinado a mudar paradigmas e dogmas consagrados por nós, jornalistas, sobre o tempo necessário para um treinador mostrar serviço.
Com o que se acrescentará nova pergunta àquela que José Trajano sempre faz: qual é a hora certa de mandar o técnico embora?
Sim, quanto tempo precisa alguém para fazer seu time jogar bem?
Lembremos que Sampaoli chegou ontem, numa cidade que conhecia apenas de nome e graças ao Rei Pelé, num clube repleto de problemas, que jamais havia ouvido falar de Ferroviária ou São Bento (ele desmentirá...) e que fala outra língua.
Virou politicamente correto não cobrar ninguém em princípio de trabalho.
Sampaoli, para incomodar a xenofobia e a reserva de mercado, pode bagunçar tal estado de coisas.
Afinal, ninguém mais escreve cartas e até mesmo o email saiu de moda.
Em tempos de instantaneidade, de WhatsApp, Sampaoli neles!
Acorda, Jardine!
Corre, Carille!
Te vira, Felipão!
E não culpem o gringo por deixar o rei nu.
Tratem de vencê-lo, mas jogando bem, em respeito ao torcedor, como ele tem feito.
O Santos pode perder hoje do Bragantino.
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