Depois de dois lamentáveis 1 a 1 entre Mirassol e Palmeiras e São Paulo e Ferroviária, Corinthians e Santos resgataram uma certa ideia de futebol.
Era óbvio que Fábio Carille iria querer mostrar antídotos para o jeito de ser de Jorge Sampaoli.
E mostrou durante todo o primeiro tempo quando o Corinthians não permitiu que o Santos impusesse seu jogo, ao marcar com competência e atacar com insistência, embora sem levar grande perigo à meta rival.
Sampaoli que de bobo não tem nada, voltou para o segundo tempo mais agressivo com Cueva e Rodrygo e as mudanças surtiram efeito, com o Santos agredindo e obrigando Cássio a se virar como Vanderlei não precisou fazer nos 45 minutos iniciais.
Era um jogo de xadrez, daqueles que fazem a alegria de analistas táticos, mesmo com o 0 a 0 no placar.
Mais claro do que sempre, os clássicos fazem a vida dos campeonatos estaduais em São Paulo e no país inteiro.
Se contra o São Paulo o Santos havia feito sua melhor apresentação na temporada, embora tenha mostrado outras boas atuações contra os pequenos, o Corinthians, independentemente do resultado final, fez sua melhor partida no ano, dessas de dar confiança para o que vem pela frente.
Fato é que o clássico mais antigo do futebol paulista merecia gol, para qualquer lado.
Diante de mais de 41 mil torcedores, o embate leal e equilibrado marchava para o fim quando Carille lançou mão de André Luís no lugar de Clayson.
O jovem treinador corintiano não queria empatar, em busca de sua terceira vitória nos clássicos desta fase do Paulistinha, já batidos o Palmeiras, na casa verde, e o São Paulo, em Itaquera.
Queria tanto que Mateus Vital, aos 42 minutos, substituiu Boselli, para Love ficar como centroavante.
Em vão.
O empate permaneceu até o fim, o que até foi justo, embora o jogo merecesse gols.
Daqueles 0 a 0 que não aborrecem nem o torcedor dos dois times nem quem tenha visto apenas por gostar de futebol, prov a de que é possível jogar competitivamente e bem, em busca do gol, com a bola no chão, de pé em pé.
E no duelo dos treinadores, também deu empate, porque se Carille se saiu melhor no primeiro tempo, no segundo Sampaoli complicou a vida dos anfitriões.
O Santos já está classificado e deverá fazer duelo interessante contra o Red Bull Brasil.
O Corinthians está praticamente nas quartas de final e enfrentará a duríssima Ferroviária, outro time que gosta de jogar com a bola no chão e sem complexos contra os grandes, como o São Paulo pôde testemunhar.
São Paulo que melhorou, mas ainda deve.
Falta o Palmeiras jogar um futebol digno do investimento que fez, tanto no Estadual, mas, principalmente, na Libertadores.
Estranho veto
A CBF vetou o Pacaembu porque seu sistema de iluminação é de 600 lux e a entidade exige 800.
Assim, deixou os grandes paulistas sem ter onde jogar em caso de necessidade.
Não consta que torcedores ou TVs se queixem da luz do estádio. Consta que a drenagem do excelente gramado é ótima e que o torcedor adora ver jogos lá.
Não estará em curso uma obscura triangulação entre o governador Agripino Doria, o secretário afastado Kassab e o secretário-menor Feldman, íntimos entre si, para forçar a concessão do Pacaembu?
Não estaria o trio articulado para demonstrar a obsolescência do estádio para Covas, enfim, poder comemorar o primeiro projeto privatizante de Agripino a se concretizar?
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