Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Há discussões tão inúteis e é melhor delas não participar, mas como resistir

Já jurei para mim mesmo nunca mais discutir com quem duvida que o Rei Pelé é insuperável

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Já jurei para mim mesmo nunca mais discutir com quem duvida que o Rei Pelé é até hoje insuperável.

Assim como se o Flamengo foi ou não campeão brasileiro de 1987.

Estou mais que convencido de que quem não viu Pelé jogar tende a achar que Diego Maradona o superou e, agora, Lionel Messi o deixa no chinelo.

Porque Pelé jogou contra ninguém, fez gols em times amadores e blá-blá-blá.

E porque a CBF e o STF garantem ter sido o Sport o campeão de 1987, pois o Flamengo fugiu da decisão tamanho o poderio dos pernambucanos, embora não tivessem nenhum jogador digno, por exemplo, de ser convocado para a seleção brasileira. A diferença entre o legal é o legítimo...

Também prometi a mim mesmo não polemizar mais sobre o Mundial do Palmeiras em 1951.

Se defendo o óbvio sobre Pelé é porque sou saudosista, por mais que ache Messi e Maradona geniais e eles me divirtam quase tanto quanto o Rei.

Ah, também porque ambos são argentinos não os aceito, apesar de adorar a Argentina, seu futebol, sua música, a literatura e considerar Juan Manuel Fangio melhor piloto que Ayrton Senna.

Nego o título do Sport porque sou sulista e preconceituoso com os nordestinos, mesmo que não faça nenhuma diferença entre os brasileiros e, frequentemente, passar férias em Pernambuco. 

E o do Palmeiras porque sou corintiano. O que não me impede de achar o time alviverde de 1996, assim como as duas Academias, dos melhores times que vi.

Quando olho para trás, apesar de ter visto Pete Sampras, elejo Roger Federer o melhor tenista da história. Mas sou saudosista...

Assim como Michael Jordan no basquete, mesmo tendo visto gênios antes dele. 

É assim mesmo. 

Por ter me entusiasmado com os incluídos no governo FHC virei tucano.

Por ser contra o impeachment de Dilma Roussef fui chamado de petista.

Por chamá-la de presidenta, assim como já fazia com Patrícia Amorim, presidenta do Flamengo, muito antes de Dilma sonhar com o posto, e do dicionário consagrar o termo no feminino desde sempre, não só sou petista como ignorante.

Nunca fui tucano, como não sou petista, embora esteja convencido de que Lula esteja preso sem provas e tenha votado em Fernando Haddad, o segundo Fernando a ter meu voto para presidente.

Mas você votou em Fernando Henrique sem ser tucano? E em Haddad sem ser petista? Como pode, perguntarão a rara leitora e o raro leitor oito ou oitenta.

Pois é. Que coisa, não? Tipinho estranho, este colunista.

Queriam que eu tivesse votado no que está aí?

Tenham a santa paciência!

E como conciliar o pelesismo com o corintianismo?

Exatamente o cara que por 11 anos impediu uma única vitória corintiana sobre o Santos e fez 50 gols em 49 jogos contra o Corinthians, sua maior vítima.

Outra discussão inglória é sobre o maior pugilista da história. Descartado o fato de não considerar o boxe um esporte, Muhammad Ali é incomparável. No máximo aceito que Cassius Clay tenha sido melhor.

Só que aí entramos em terreno ainda mais pantanoso, o da religião. 

Como respeito todas as religiões igualmente, e invejo quem tenha qualquer crença, porque deve ser um conforto, ateu que sou fujo da discussão.

Por mais que um de meus tipos inesquecíveis seja Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo-emérito de São Paulo.

O Pelé da Igreja Católica. Ou o Jordan. Ou o Muhammad Ali.

Devo mesmo ser um cara incompreensível.

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