Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri
Descrição de chapéu Liga dos Campeões 2019

Eles não caminharam sozinhos

O vínculo entre a torcida, o time e o técnico, levou o Liverpool ao improvável

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Dizem que quanto maior a expectativa, maior é a frustração.

Ou que o tamanho do desastre depende da grandeza do desafio.

Se os que assim pensam são pessimistas ou realistas eu não sei, mas quebraram a cara na terça-feira (7).

A façanha do Liverpool é daquelas que frequentarão o imaginário coletivo por décadas a fio.

Inédito não foi, e tenho certeza, porque se fosse talvez não tivesse suportado e não estaria aqui a tentar descrever a epopeia.

Liverpool 4, Barcelona, de Messi, 0, lembrou Cruzeiro 6, Santos, de Pelé, 2, em 1966, pela Taça Brasil, quando o time mineiro despontou para o mundo.

Goleou no Mineirão e virou o jogo da volta, no Pacaembu, de 2 a 0 para 3 a 2.

Ou Palmeiras 3, Vasco, de Romario, 4, pela decisão da Copa Mercosul, atual Copa Sul-Americana, em 2000, vitória alviverde por 3 a 0 no primeiro tempo e virada cruzmaltina no segundo em pleno Parque Antarctica.

Ou, ainda, o célebre “jogo do Adãozinho”, o garoto que estreou no Corinthians depois do intervalo de um Derbi em que o Palmeiras vencia por 2 a 0 desde o 35º segundo de jogo e ele empatou aos 24 minutos da etapa final, do meio da rua para superar Emerson Leão.

Empatou e viu Leivinha desempatar para o Alviverde ao dar a saída, assim como viu Tião fazer 3 a 3 também ao dar a nova saída, até que, no fim, Mirandinha fez 4 a 3 para o Alvinegro.

Aconteceu em 1971, pelo Campeonato Paulista, sem decidir nada, só a sorte de quem viu.

Outras viradas ou goleadas épicas aconteceram tendo os próprios Liverpool e Barcelona como algozes ou vítimas em passado bem mais recente.

O que houve em Anfield é tão impactante que superou qualquer expectativa, maior até que “Os 12 trabalhos de Hércules”.

Sem o genial egípcio Mohamed Salah, sem o eficaz brasileiro Roberto Firmino, contra Lionel Messi, Luis Suárez, Busquets e Piqué, o espírito do treinador alemão Jürgen Klopp prevaleceu.

Bastou a adesão do time inteiro, do brilhante goleiro brasileiro Alisson ao predestinado meio-campista reserva holandês Wijnaldum como falso centroavante, além de outro estrelado, o atacante belga Origi e pronto!

Origi fez o primeiro gol logo aos 7 minutos para botar mais lenha na fogueira do estádio que estava incendiado desde antes do jogo começar, com a célebre “You’ll Never Walk Alone” entoada como prece do fundo d’alma, e fez o derradeiro 12 minutos antes do jogo terminar, para transformar o incêndio em inferno catalão e paraíso vermelho.

Entre seus dois gols, mais dois de Wijnaldum, o que veio do banco, depois do intervalo, porque o Liverpool havia perdido também o excelente lateral Robertson, um dos principais passadores do futebol britânico.

Aqui foi dito que o 3 a 0 de Camp Nou não fez justiça ao Liverpool, mas sim a Messi.

Pois o 4 a 3 deixou tudo como os diabólicos deuses do estádios queriam.

Também porque Klopp não teve uma palavra de desalento depois da derrota que parecia definitiva, muito ao contrário, elogiou tanto Messi quanto seus jogadores, e porque fez nova homenagem ao futebol na vitória redentora.

Só novo milagre dará o título da Premier League aos Reds.

Só uma catástrofe impedirá o da Liga dos Campeões. 

Kirrata

Por erro meu, fique claro, até pelo espírito da coluna de segunda-feira (6), Fábio Carille respondeu que entre o desempenho e o resultado escolhe a segunda alternativa.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.