Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Burocrático, Brasil abandona criatividade e não dribla

Seleção brasileira voltou a velhas dificuldades contra times defensivos

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Nós, brasileiros, não é de hoje que sofremos quando enfrentamos times bem organizados defensivamente.

Os nossos jogadores se irritam, perdem a serenidade, batem cabeça e na parede formada pelos adversários.

O empate sem gols contra a Venezuela o demonstrou mais uma vez.

Tite dá instruções a Gabriel Jesus durante empate contra a Venezuela na Arena Fonte Nova
Tite dá instruções a Gabriel Jesus durante empate contra a Venezuela na Arena Fonte Nova - Raul ARBOLEDA-18.jun.19/AFP

Em vez de explorar os lados do campo, vimos tentativas fadadas a não dar certo ao buscar o jogo pelo meio.

Sem criatividade na armação, chutar de fora da área virou raridade.

Trocas de passes sem verticalidade transformam o tiki-taka catalão em tico-tico infrutífero.

Enquanto escolas de futebol sem tradição evoluem e são capazes de ocupar espaços no gramado de maneira compacta e disciplinada, os jogadores brasileiros renunciam de partir para cima no um contra um e nos martirizam ao jogar burocraticamente, sem audácia.

O que se viu na Fonte Nova foi mais do mesmo, além de mexidas incompreensíveis de Tite, lento em botar Everton no jogo e capaz de trocar Casemiro por Fernandinho quando a necessidade era de ousar com Lucas Paquetá.

Se não bastasse, Everton substituiu David Neres, o único que ainda tentava resolver individualmente e, pior, pela direita, quando se dá melhor pela esquerda.

Àquela altura da partida, explorar Neres pela direita, e o gremista pelo seu lado preferencial, teria sido o óbvio.

A tabela da Copa América estava feita para a seleção brasileira fazer seis pontos nos dois primeiros jogos e garantir a classificação para a próxima fase, mas eis que o jogo contra o Peru, na Arena Corinthians, adquire ares dramáticos.

Peru que tem em Cueva, um jogador nascido para defender sua seleção, e Paolo Guerrero em fase iluminada.

Encontrar dificuldades diante da Colômbia, da Argentina, do Uruguai, vá lá, do Chile, estava no programa.

Mas contra a Venezuela, apesar da óbvia evolução do time cada vez mais maduro?

Sim, Houston. Nós temos um problema que transcende o futebol de nossos clubes.

A seleção está cada vez mais com a cara da CBF.

Era previsível, sem dúvida. 

Caboclo fake

A primeira entrevista de Rogério Caboclo como presidente de direito da Casa Bandida do Futebol primou pela falsidade.

Dada ao Bem, Amigos!, do SporTV, valeu como uma nota de 1 real.

 

Caboclo falou em transparência nos contratos agora "sob auditoria internacional e com a assinatura de cinco diretores" da entidade.

Esqueceu de que, nesta Folha, Diego Garcia e Sérgio Rangel anteciparam, com mais de um mês de antecedência, em fevereiro passado, o resultado de concorrência quando já era ele quem dava as cartas na CBF.

Para mostrar a desnecessidade da Liga de Clubes, argumentou que todos estão felizes com a organização do Campeonato Brasileiro que, como disse, custa cerca de R$ 28 milhões quando, na verdade, e como revela o balanço do ano passado, custou apenas R$ 3,4 milhões.

Também era previsível, sem dúvida, para o discípulo do Marco Polo que não viaja.

Mulherio porreta!

As mulheres sim não têm sido previsíveis. 

Ao vencerem a Itália para se classificar às oitavas de final da Copa do Mundo francesa, mesmo com angustiante sacrifício físico, já fizeram mais do que era humanamente esperado delas.

No país de Ronaldo, fenômeno mesmo é a Rainha Marta, a pessoa que mais gols marcou na história das Copas do Mundo.

Daqui para frente o que vier é lucro.

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