As jogadoras brasileiras foram guerreiras o jogo todo contra as francesas em Le Havre.
Rigorosamente contra tudo e todos, no pequeno estádio lotado e contra as anfitriãs da Copa do Mundo, saíram atrás, não se renderam, empataram com Thaisa em seguida, tiveram a chance para virar e foram para uma prorrogação suicida, porque já sem Formiga e perdendo Cristiane logo no começo.
Sobrava a Rainha Marta, onipresente no gramado, capaz de se sacrificar pelo time e de abdicar da vaidade do brilho individual.
Será que Neymar viu?
Quando o tempo extra começou era evidente que não haveria preparo físico para suportar o time francês.
Mesmo assim, no derradeiro minuto da primeira parte da prorrogação, Debinha teve o gol da virada à disposição num contra-ataque improvável e viu a zagueira adversária salvar na linha fatal, com a goleira já vencida.
Difícil escrever que as brasileiras perderam por 2 a 1, porque não se perde quando você deixa tudo e mais um pouco em busca de vencer.
Não se trata de falar em justiça ou injustiça. Trata-se apenas de reconhecer que o coração do mulherio fez bater forte outra vez o da torcida nacional, algo que os homens andam devendo faz tempo.
Quem sabe, se mirarem no exemplo das mulheres do Brasil, eles paguem a dívida ainda na Copa América.
Triste Argentina
A Argentina fez mais uma péssima apresentação, ganhou um gol de presente do Qatar logo no começo do jogo e garantiu sua passagem às quartas de final da Copa América no fim do segundo tempo quando
Agüero fez 2 a 0, placar final.
Deverá sofrer, e muito, com a Venezuela, no Maracanã, na sexta-feira (28).
Trata-se de uma Argentina tão abaixo da crítica que até Lionel Messi mandou nas nuvens uma bola que lhe sobrou na marca do pênalti.
Pode-se até debitar o lance escandaloso ao estado do gramado, mas, mesmo assim...
OK, o Rei Pelé, às vezes, poucas é verdade, também engrossava.
Tostão responde
Perguntei, entre outras coisas, no pé da coluna de parte da edição dominical desta Folha (aquela que é chamada de primeiro clichê), por que Roberto Firmino não rende na seleção brasileira o que joga no Liverpool.
E pedi ajuda ao doutor Tostāo.
A ajuda veio. Assim: “Tenho também as mesmas dúvidas. Acho que Tite está até hoje traumatizado pela eliminação para a Bélgica. Está confuso. Quando escala Firmino de centroavante, esquece que o Liverpool joga bem diferente da seleção. Os laterais têm marcado mais, porque não quer que joguem como Marcelo, atacando. Mas Marcelo faz muita falta quando vai para frente. Colocou Coutinho mais adiantado, mas ele, em pequenos espaços, muito marcado, não consegue jogar”.
Fim do mistério
O vizinho de colunas Sérgio Rodrigues, autor de melhor romance sobre futebol já escrito em português, “O drible”, pela Companhia das Letras, acaba de lançar pela mesma editora o delicioso “A visita de João Gilberto aos Novos Baianos”.
Entre diversos textos em que brinca com as palavras como Mané Garrincha brincava com a bola, há um folhetim de 51 páginas que desvenda o sumiço da Taça Jules Rimet, aquela que o Brasil ganhou definitivamente em 1970, roubada da sede da CBF em 1983 e, segundo se dizia, derretida.
Dizia-se, porque Rodrigues revela que não é bem assim.
Ou não revela?
Mas é claro que a rara leitora e o raro leitor terão de ler o livro para saber. E me agradecerão por não contar o fim.
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