Um braço desgraçadamente aberto do francês Sissoko, aos 25 segundos de jogo, e um pênalti cruel, porque discutível, apesar do VAR.
Um braço timidamente fechado do goleiro também francês Lloris, noventa segundos depois, e o gol do egípcio Mohamed Salah na cobrança para fazer Liverpool 1, Tottenham 0, e a final da Champions começava a ser escrita em vermelho.
Os deuses dos estádios escreviam certo por linhas tortas. Porque ninguém merecia mais a taça que o time do treinador alemão Jürgen Klopp, e de Bill Shankly (1913-1981), o escocês que fez do Liverpool potência mundial nos anos 1970, grande filósofo do futebol, autor da famosa frase: “É claro que o futebol não é uma questão de vida ou de morte. É muito mais do que isso”.
Vantagem conseguida num piscar de olhos, o jogo em Madri ficou à feição da melhor equipe e impossível para os rivais. Não há frieza londrina capaz de não sentir o golpe.
E, no ritmo comovente de “You’ll Never Walk Alone”, os Reds tomaram conta da decisão que valeu o sexto título europeu ao time dos brasileiros Alisson, Fabinho e Roberto Firmino. Ao levar o segundo tempo em banho-maria, o Liverpool ainda fez com o belga Origi, no fim, o 2 a 0 que sacramentou a conquista.
Todos são Chape
O Brasil inteiro adotou a Chapecoense depois da tragédia de 2016. O carinho arrefeceu pela má conduta da nova direção do clube ao tratar mal as famílias dos que morreram no acidente aéreo na Colômbia.
Neste domingo (2), às 19h, por motivos menos nobres, a torcida brasileira estará outra vez com a Chapecoense. Porque o time a ser derrotado é o líder e rico Palmeiras.
Conseguirá a Chape impedir que o Verdão chegue aos 30 jogos sem perder no Campeonato Brasileiro? Fará gol num time que há seis jogos não sabe o que é buscar a bola no fundo da rede?
Por incrível que pareça o retrospecto no confronto entre os alviverdes paulistas e catarinenses não favorece os primeiros.
Este será o 13º entre as duas equipes, com três vitórias do Palmeiras, quatro empates e cinco triunfos da Chape.
O Palmeiras venceu pela primeira vez na Arena Condá apenas no ano passado, embora tenha sido campeão de 2016 exatamente contra a Chape, mas em São Paulo
Acontece que o time atual da Chape talvez seja o mais fraco de todos desde que o clube chegou à Série A, em 2014. Por sinal, Palmeiras e Chape subiram juntos da Série B em 2013.
Atender aos desejos dos adversários do Palmeiras parece tarefa grande demais, embora o futebol viva de pregar peças desse tipo.
No mesmo horário do jogo em Santa Catarina, o Galo receberá o CSA e o Inter, o Avaí.
Os mineiros estão apenas um ponto atrás do Palmeiras e os gaúchos, três. Uma derrota palmeirense deverá dar a liderança provisória ao Galo, tão favorito como o Inter, que empatará em pontos com o atual líder.
Tudo porque os três pontos obtidos pelo Palmeiras contra o Botafogo dependem de julgamento do tribunal esportivo, façanha mundialmente inédita do VAR brasileiro que, em seis rodadas, já chegou ao tapetão.
Talvez seja o único jeito de dar uma esquentada no campeonato que nem bem começou e já tem cara de ter dono, não nos ouçam os palmeirenses supersticiosos e, muito menos, o Felipão.
Ah, sim, que perdoem a rara leitora palmeirense e o raro leitor palmeirense: uma vitória da Chape viria mesmo a calhar, a coluna torce para que aconteça, pelo bem do torneio, e não aposta um tostão furado na possibilidade.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.