Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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O São Paulo 'Soberano' acabou

Mas o clube tem muita história para trás e, também, pela frente

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Maior vitorioso do futebol brasileiro, apesar de ser o mais jovem dos grandes clubes do país, o São Paulo vive péssimo momento, como há fartura de exemplos história afora em nosso futebol.

A gangorra causada pela incapacidade de autossustentabilidade dos clubes nacionais é marca registrada desde que Charles Miller chegou por aqui.

O Santos mandou nos anos 1960 e não soube aproveitar a hegemonia conquistada por Pelé e companhia.
Nos anos 1990 foi a vez do São Paulo, como recentemente foi a do Corinthians e agora é, novamente, a do Palmeiras.

Anderson Martins durante partida contra o Cruzeiro
Anderson Martins durante partida contra o Cruzeiro - Ricardo Moreira/Fotoarena/Agência O Globo

Talvez seja marcante para a queda tricolor o desentendimento com seu maior locatário, o Corinthians, que abandonou o Morumbi por uma questão menor, mas decisiva.

A permanência de Juvenal Juvêncio pelo terceiro mandato consecutivo, fruto de um um golpe em seu estatuto engendrado pelo advogado Carlos Miguel Aidar, que veio a sucedê-lo, aprofundou a crise moral ao mesmo tempo em que os dois rivais da capital paulistana passaram a ter modernas instalações na Água Branca e em Itaquera.

Não apenas o Morumbi perdeu importância, mas nunca mais o Tricolor montou um time capaz de se impor, além de adotar uma insana troca de treinadores.

Aí, quando a fase é ruim, a sorte também desaparece, a bola não entra, bate na trave, o goleiro adversário faz milagre, e os títulos desaparecem.

Único tricampeão mundial brasileiro, o jejum de conquistas é cruel. A camisa que se impunha pela simples presença passa a pesar mais negativa que positivamente.

Nervos à flor da pele, torcedores inconformados, a terceira massa popular do Brasil, cujo crescimento, a ponto de superar a alviverde, deu-se exatamente no período do Soberano, passa a cobrar a volta dos bons tempos e o clube engata marcha-ré.

Tem saída?

É claro que tem.

Basta olhar para os rivais paulistanos que viveram situações piores, até rebaixados foram.

Culpar o presidente do clube é inevitável e faz sentido.

Dizer que Raí e Diego Lugano são despreparados para tocar o futebol são-paulino, porém, beira à insânia.

Se são, quem não é?

O primeiro problema a ser solucionado está na cabeça tricolor. Do presidente ao roupeiro.

Tratada a instabilidade emocional muitas vezes transformada em pânico, há que perseverar no caminho escolhido e suportar as pancadas.

Uma boa psicoterapia de grupo, não como pronto-socorro, porque inútil, mas permanente, é passo necessário para botar a casa em ordem.

Freud pode ser tão valioso como Guardiola.

O São Paulo faz campanha razoável no Campeonato Brasileiro, embora dificilmente venha a sair da fila nele.

O Pacaembu vazio, só 8.517 torcedores, no jogo contra o Cruzeiro refletiu a 22ª eliminação em mata-matas desde 2012, e não os resultados do torneio em pontos corridos.

O jogo também, porque depois de sair na frente, com providencial gol de Alexandre Pato no primeiro tempo, sofreu o empate de Thiago Neves no segundo e simplesmente entrou em parafuso, muito mais ameaçado de levar a virada do que de ainda vencer a partida.

Tanto que, desta vez, foi Tiago Volpi quem acabou por ser o nome do clássico, ao evitar três vezes o segundo gol mineiro.

Não há pé que funcione se a cabeça não ajudar.

Falso malandro

Tudo de que Neymar não precisava era uma acusação de estupro. Por mais que pareça armação.

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