Feche os olhos e imagine um passe do capitão argentino Lionel Messi para a capitã americana Megan Rapinoe.
Não tenha dúvida. Ela amorteceria a bola com carinho e partiria para o gol. Muito provavelmente, faria o gol.
Agora pense numa tabelinha entre a volante francesa Amandine Henry e o centroavante portenho Sergio Agüero.
Ambos os dois, como diria Luís de Camões, têm competência para acabar nas redes.
Argentinos e americanas não deixaram por menos nos dez primeiros minutos das quartas de final da Copa América e da Copa do Mundo na última sexta-feira (28), no Maracanã e no Parque das Princesas.
A tarde no Rio já começou especial quando Messi cantou o hino de seu país, velha cobrança que recebe de seus conterrâneos.
E seguiu diferente por pelo menos dez minutos, quando a Argentina mostrou sua cara, sufocou a Venezuela e abriu o placar com Lautaro Martínez, o jovem artilheiro que faz trio com Messi e Agüero e gols como quem chupa um picolé, ou de letra, como se viu no Rio de Janeiro.
A seleção Vinho Tinto demorou para se reequilibrar, mas acabou por preocupar o adversário ainda no primeiro tempo.
Enquanto isso, simultaneamente, as americanas tratavam de calar o lotado estádio parisiense com gol de Rapinoe ao bater falta com perfeição e fazer 1 a 0 logo no quinto minuto.
Os 9.162 quilômetros que separam a Cidade Maravilhosa da Cidade Luz eram preenchidos por bom futebol de astros conhecidos, como os argentinos, ou de estrelas como as apresentadas agora, por americanas e francesas, para a torcida brasileira.
Tecnicamente, nem precisa imaginar ou pensar, basta acreditar: o jogo das mulheres foi melhor que o dos homens, com a ponteira francesa Kadidiatou Diani fazendo o diabo pela direita.
Sim, o espetáculo ficou por conta delas.
Se a Venezuela não conseguia chegar ao empate, o gol da França parecia amadurecer a cada minuto da etapa final.
But, sempre tem um mas, Rapinoe não briga com Donald Trump, nem avisa que a Casa Branca ficará sem sua visita, à toa.
Tratou de matar a reação francesa ao fazer o 2 a 0 aos 65 minutos, embora a gigantesca zagueira gaulesa Wendie Renard tenha diminuído ao fazer seu but (gol em francês) quando ainda faltavam dez minutos para o fim do jogo e incendiado o Parque das Princesas que, frustrado com a prorrogação que não veio, retomou seu nome original, porque deixa de ser palco da Copa. As semifinais (2 e 3 de julho) e a finalíssima (7) serão disputadas em Lyon, com a disputa pelo terceiro lugar em Nice, no sábado (6).
A Copa América vai chegando ao fim ainda prometendo o melhor para os próximos jogos. A Copa do Mundo, ao contrário, já cumpriu com seu papel e deve ter encerramento apoteótico.
Final antecipada?
Chamar o jogo da terça-feira (2), no Mineirão, entre Brasil e Argentina de decisão precoce é um exagero, porque os dois times não mostraram nada que justifique.
A seleção brasileira é melhor na defesa, pior no ataque, e os dois meios de campo se equivalem em avareza criativa.
O trio Lionel Messi, Agüero e Lautaro Martínez tem mais condição de brilhar que, espera-se, Willian, e não Gabriel Jesus, Firmino e Everton.
O melhor jogador do mundo ainda não brilhou nesta Copa América e não será novidade se tiver deixado o brilho para Belo Horizonte.
Surpresa seria Neymar se apresentar para o jogo...
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