De cara, para quem queria ver Willian pela direita contra a Argentina no lugar de Gabriel Jesus, a mão à palmatória: o ex-palmeirense teve atuação decisiva, a melhor com a camisa amarela desde que estreou, e muito bem, nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, com dois gols contra o Equador, em Quito.
Ele e Daniel Alves foram os principais brasileiros em campo no Mineirão numa noite em que Lionel Messi também brilhou, sem a mesma fortuna.
Como brilharam o travessão e a trave brasileiros, em cabeçada de Agüero e chute de Messi.
Como não brilharam o equatoriano assoprador de apito e o VAR, ao deixar de assinalar os pênaltis de Arthur em Otamendi e de Daniel Alves em Agüero.
O lateral brasileiro teria posto tudo a perder caso a penalidade máxima tivesse sido marcada, porque certamente receberia o segundo cartão amarelo e seria expulso.
Razões de sobra têm os argentinos de reclamar, como sobram motivos para os brasileiros comemorarem a vitória por 2 a 0 num clássico mais guerreado que jogado, mas com todos os ingredientes da enorme rivalidade e tradição de duas das melhores escolas do futebol mundial.
A Argentina teve mais a bola, finalizou muito mais, mas bola na trave não altera o placar.
O Brasil com suas quatro finalizações fez dois gols, eficácia acima de quaisquer suspeitas.
Gabriel Jesus ganhou um gol de Roberto Firmino no primeiro tempo e devolveu o presente no segundo.
O resultado chegou embora o desempenho ainda deixe a desejar.
No domingo (7) é enorme a chance para o Brasil comemorar o nono título continental, aquele que é possível na atualidade que tem os europeus como hegemônicos quando se trata de Copas do Mundo.
O que significa dizer ser a Copa América algo de mais valor daqui por diante para nós, brasileiros, assim como sempre foi para os uruguaios, argentinos e, ainda mais, para os demais torcedores do continente.
Difícil dizer, caso o eneacampeonato de fato venha, se haverá comemoração de norte a sul e de leste a oeste do país, ou se ficará limitado ao Maracanã, palco da última festa, na Copa das Confederações de 2013, como quando os então campeões mundiais espanhóis foram abatidos por 3 a 0.
Então nos enganamos todos ao cantar "o campeão voltou", sem nos dar conta de que a seleção espanhola havia envelhecido a ponto de ser eliminada na fase de grupos da Copa do Mundo um ano depois.
Significa dizer: se a taça voltar ao Brasil, valerá festejar sem constrangimento, mas, também, sem arrogância.
Principalmente sem achar que Neymar não faz falta, porque a seleção precisará, e muito, dele no Qatar.
Tomara que mais humilde e compenetrado em jogar futebol.
Grande final
Como espetáculo, Estados Unidos e Inglaterra deram um melhor que Brasil e Argentina.
É muito provável que Estados Unidos e Holanda deem outro show superior à decisão da Copa América.
Felizmente, ao meio-dia no horário brasileiro, o que permitirá ver as duas decisões com 100% de atenção.
Quem sabe se repita um gol como o segundo das americanas contra as inglesas, que Pep Guardiola assinaria: a lateral direita ianque vira o jogo do meio de campo para o lado esquerdo de seu ataque; a recepção é perfeita pela ponta esquerda, que mata no peito, baixa na terra, levanta a cabeça e bota a bola na testa da centroavante para fazer 2 a 1.
Como os brasileiros no Rio contra o Peru, as americanas são favoritas em Lyon.
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