Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Que Peru jogará a final contra o Brasil no Maracanã?

Em Itaquera, peruanos quiseram jogar de igual para igual e se deram mal

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É conhecida a frase do técnico argentino do Peru, Ricardo Gareca, quando criticado por fazer o Palmeiras jogar francamente, sem maiores cuidados defensivos: “Mas não foi para isso que me contrataram?”.

Ele resistiu por apenas cinco meses e 13 jogos, com quatro vitórias e oito derrotas.

A vida de Gareca mudou da feijoada gordurosa para o ceviche bem temperado ao ir dirigir o selecionado peruano e devolvê-lo à Copa do Mundo em 2018, depois de 36 anos.

Técnico do Peru, Ricardo Gareca, aplaude durante jogo da semifinal da Copa América contra o Chile
Técnico do Peru, Ricardo Gareca, aplaude durante jogo da semifinal da Copa América contra o Chile - Juan Mabromata/AFP

A expectativa sobre a participação de seu time na Copa América não era das melhores, e o desempenho na fase de grupos a confirmou, com apenas uma vitória sobre a Bolívia por 3 a 1, empate sem gols com a Venezuela e a goleada brasileira por 5 a 0.

Gareca quis enfrentar Tite como se pudesse jogar abertamente, ao seu estilo. Deu-se muito mal.
Imprudência para alguns, falta de noção para outros, o fato é que o Peru deu a impressão de que poderia mesmo jogar de igual para igual, mas sofreu o 1 a 0 logo aos 12 minutos.

Em seguida, o goleiro Gallese fez enorme lambança, sofreu o 2 a 0 e a goleada veio impiedosa, em tarde inspirada do gremista Everton. Só não foi maior porque Gabriel Jesus perdeu pênalti defendido por Gallese, já nos acréscimos.

Parecia o fim para ambos no torneio e aconteceu o inverso.

Gabriel Jesus jogou muito bem contra a Argentina, e Gallese, depois, pegou pênalti de Luis Suárez contra o Uruguai para classificar o Peru às semifinais e, de quebra, mais um contra o Chile, com apenas uma mão, cobrado de cavadinha por Vargas, além de ter sido o melhor em campo, com pelo menos quatro milagres no estupendo, no surpreendente triunfo por 3 a 0 sobre os bicampeões continentais.

Jesus e o milagreiro se reencontrarão no Maracanã, pelo eneacampeonato continental dos brasileiros e pelo tri peruano, com ampla vantagem brasileira em 44 jogos —31 vitórias a 4.

Sim, o Peru é franco-atirador e o Brasil está obrigado a vencer sob risco de protagonizar surpresa tão grande como o 7 a 1. Futebol é futebol, e Guerrero está em fase excepcional.

Muito provavelmente Gareca não repetirá o erro do jogo da Arena Corinthians e não facilitará a vida dos favoritos, até porque sabe que a seleção brasileira tem enorme dificuldade em jogar contra equipes retrancadas.

Mas o Brasil é o Brasil e segue o melhor no terreiro sul-americano, além de ter Alisson em momento extraordinário, capaz de fechar o gol e de ter a sorte que costuma acompanhar os grandes goleiros.
Nosso inferno são os outros, como diria o filósofo francês Jean-Paul Sarte. Os europeus.

​​Tite decide

Depois da final, saberemos se a insatisfação de Tite com o desmonte de sua comissão técnica, e a disposição da CBF em não montar outra fixa como quer o treinador com profissionais da sua escolha, será motivo suficiente para que ele se despeça da seleção brasileira.

Se for embora com a conquista do título não será o primeiro a se demitir vitorioso.

Aymoré Moreira e Luiz Felipe Scolari pediram o boné depois das conquistas das Copas do Mundo de 1962 e 2002.

VAR da coluna

A rara leitora e o raro leitor leram aqui que houve dois pênaltis para a Argentina contra o Brasil.

Mas não houve.

No máximo aconteceu um, discutível, de Arthur em Otamendi.

No lance entre Daniel Alves e Agüero houve falta sim, mas do argentino.

Fica, portanto, o dito pelo não dito.

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