Se a história se repete como farsa ou como tragédia, desta vez repetiu-se como festa.
Entre tantos jogos entre Flamengo e Palmeiras, no Maracanã, dois estão registrados para sempre, mais o de 1979 que o do ano seguinte.
Porque no último ano dos anos 1970, o Palmeiras de Telê Santana e Baroninho foi ao Rio como azarão e enfiou 4 a 1 no Flamengo de Zico e Cláudio Coutinho e eliminou o rubro-negro do Campeonato Brasileiro.
A goleada diante de 112 mil torcedores valeu o convite para Telê dirigir a seleção brasileira.
Em 1980, o mesmo Flamengo devolveu a goleada com juros e correção monetária, diante de 70 mil torcedores e, com Osvaldo Brandão como técnico alviverde, venceu por 6 a 2.
Havia nove jogos e cinco anos que os cariocas não venciam o Palmeiras, com quatro derrotas e cinco empates.
O 10° clássico desde 2014 teria mesmo de ser especial. E foi.
A esperada superioridade individual e coletiva dos rubro-negros se impôs de maneira avassaladora no primeiro tempo, que terminou por apenas 2 a 0 porque Everton Ribeiro desperdiçou o terceiro gol uma vez e Vitor Hugo salvou noutra.
Gabigol, de cavadinha, e De Arrascaeta, de cabeça, fizeram os dois gols, o primeiro ao completar uma bela triangulação entre Bruno Henrique e De Arrascaeta, fruto de erro de Gustavo Gomez, e o segundo em excelente passe de Bruno Henrique."
É, mas o VAR anulou dois gols alviverdes", dirá o palmeirense inconformado.
De fato, por impedimento milimétricos de Willian e Vítor Hugo, desses que precisam obrigar a mudança da lei do impedimento para salvaguardar seu espírito, o de evitar que o atacante se coloque em vantagem em relação ao penúltimo defensor. Que se estabeleça um corpo à frente para caracterizar o impedimento.
O Flamengo voltou para a etapa final com a mesma volúpia em busca de mais gols, porque o Maracanã lotado assim exigia e porque é assim que Jorge Jesus quer.
Quem dera todos os treinadores brasileiros fossem iguais ao português.
Ou ao argentino Jorge Sampaoli, do Santos, que divide a liderança por pontos no Nacional com o Flamengo, com elenco muito inferior e começando a dar a impressão, como deu na magra vitória por 1 a 0 sobre a Chape, de estar virando o fio, o que veremos no sábado (14) da última rodada do turno, no Rio, contra o Flamengo.
A pressão permanente em busca do terceiro gol frutificou no 15º minuto quando Gabigol converteu pênalti discutível em Rafinha e estabeleceu o 3 a 0 no Rio.
Na verdade, estava fácil, extremamente fácil.
"Olé, olé, eliminado, eliminado", o Maracanã se divertia com o baile no gramado.
Pela sétima vez desde a volta da Copa América, o Palmeiras saía de campo sem vitória e com a terceira derrota, mas, ainda, potencialmente a apenas três pontos dos líderes, desde que derrote o Fluminense no jogo, em casa, que tem a menos.
Ou seja, nada que justifique desespero a não ser por um aspecto, a decadência psicológica evidente estampada no rosto dos atuais campeões do brasileiros.
Sem dúvida será difícil parar o Flamengo, desafio posto ao Grêmio na Libertadores, mas muito mais complicado na maratona do Campeonato Brasileiro.
Porque se acidentes acontecem em mata-matas, no campeonato por pontos corridos o Flamengo simplesmente está sobrando.
No verdadeiro Paulistão que virou a disputa pelo topo do torneio, pinta um campeão carioca.
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