Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Só não cai o rei de ouros

Cai o rei de copas, cai o rei de paus, cai não fica nada. Cai o rei de espadas...

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Ivan Lins compôs, Elis Regina celebrizou e os nossos cartolas banalizaram.

Mas nem a Cartomante, também título da música, preveria a sequência de quedas de técnicos como vimos na Série A nos últimos dias.

Cartolas do São Paulo, do Cruzeiro, do Fluminense e do Fortaleza brincaram a valer de dominó com Cuca, com Rogério Ceni, com Oswaldo de Oliveira e Zé Ricardo.

É possível que entre o fim destas linhas e a chegada delas às mãos da rara leitora e do raro leitor, mais quedas tenham acontecido, porque há os beócios de sempre que querem as cabeças de Fábio Carille, de Rodrigo Santana e até de Jorge Sampaoli, no Corinthians, Atlético Mineiro e Santos, respectivamente.

O São Paulo, como se sabe, troca de treinador como de camisa, razão pela qual amarga fila de 12 anos no Campeonato Brasileiro.

Trouxe agora o corajoso Fernando Diniz, pela primeira vez na carreira com um grupo de jogadores à altura do futebol que quer impor, embora traumatizado pelo jejum.

Diniz tem a vantagem de ser psicólogo e para quem acredita que o maior problema são-paulino seja a cuca e não o Cuca, pode ser uma solução. Será desde que classifique o time para disputar a Libertadores de 2020.

Nada menos será bem aceito.

Já o problema do Cruzeiro é de outra ordem.

A questão é mesmo moral.

Denunciada pelo Ministério Público mineiro e acossada pela polícia, a direção cruzeirense perdeu completamente as condições de comandar quem quer que seja, ainda mais um grupo de jogadores composto por gente como Thiago Neves e Edílson.

Curvou-se diante dos que puseram a equipe na zona do rebaixamento e demitiram o treinador apenas seis semanas depois de tê-lo contratado "com carta branca".

Incrível sim, tão incrível como Ceni, experiente para chuchu, ter acreditado nela.

Como em casa sem pão todos brigam sem razão, o Fluminense é caso à parte.

Já esteve na Série C e não é de hoje que sobrevive mais à custa de advogados que de times, capaz até de transformar o paraíso do mecenato no inferno da incompetência.

Paulo Henrique Ganso, num ato de covardia e falta de educação, assumiu a direção do clube e pôs para fora Oswaldo de Oliveira, que anda precisando tomar calmantes porque também não é de hoje que perde as estribeiras com entrevistadores e torcedores.

Resta o Fortaleza.

Diante da queda de Ceni era tão certo como o dia após a noite que o convidaria de volta, sem piedade com Zé Ricardo.

Poucas vezes na vida alguém teve a chance de corrigir rapidamente um erro como o ex-goleiro do São Paulo, se voltar para onde deveria ter permanecido.

De salvador da pátria em 2018 para humilde pecador agora.

Sobram poucas linhas para tratar de Carille, Santana, que não é Telê nem Joel, e Sampaoli.

O corintiano e o atleticano estiveram perto de reviravoltas consagradoras.

O travessão na altitude de Quito, e dois pênaltis mal batidos, impediram a glória na Copa Sul-Americana e quaisquer protestos para serem demitidos.

Fazem bem os cartolas alvinegros de os manterem.

Sobre Sampaoli, então, também faz bem o Santos em até propor a antecipação de novo contrato, porque, com o elenco que tem, a campanha até aqui é quase milagrosa.

E sobre o rei de ouros que não cai, você escolhe: ou os cartolas que tratam treinadores como pneus ou aquele, ainda mais nefasto, que ocupa o Palácio no Planalto.

O Brasil não é para amadores.

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