Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Últimas derrotas de brasileiros contra sul-americanos são exemplares

Técnicos precisam perceber o mal causado pelo conservadorismo

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Peguem, a rara leitora e o raro leitor, os três derradeiros resultados de times brasileiros contra times sul-americanos e vejam o que aconteceu. Nos Estados Unidos, a seleção brasileira, com Neymar, perdeu da peruana, sem Guerrero.

Está certo: o gramado estava lamentável e, embora assim estivesse para os dois, é sabido que o time mais técnico acaba por sofrer prejuízo maior. Seja como for, Peru 1, Brasil 0.

Depois, na Arena Corinthians, o Todo Poderoso Timão levou um baile do modesto Independiente del Valle, do Equador: 2 a 0 e foi pouco. Imagine o que pode acontecer no jogo de volta na altitude de 2.850 metros de Quito, com o time alvinegro precisando ganhar, exposto à velocidade do adversário.

Pedrinho desaba na derrota do Corinthians para o Independiente del Valle, no Itaquerão. - Rahel Patrasso/Reuters

Mesmo que aqui sempre se pregue a necessidade de jogar com coragem, para a frente, em busca do gol, talvez não reste outra alternativa que não a de "arrecuar os arfes pra evitar a catastre". Porque, de fato, o risco de uma goleada é real. Virar o resultado ao nível do mar já seria uma façanha. Pertinho do céu será como epopeia.

Finalmente, na Argentina, o Galo mineiro também perdeu para o Colón, por 2 a 1, o que era previsível, mas de virada. 

Resumo da ópera: a seleção perdeu em campo neutro, o Corinthians perdeu em casa e o Atlético-MG perdeu fora.

Quantas derrotas serão necessárias para alguns técnicos brasileiros perceberem o mal causado pelo conservadorismo, pelo medo, pela busca do resultado modesto como se fosse suficiente?

Ora, temos no Brasil mesmo uma porção de bons exemplos de times que hoje se comportam de maneira agressiva, capazes de jogar fora de seus terreiros como jogam dentro deles, sem medo de ser felizes.

Flamengo, Grêmio, Santos, Athletico, o novo campeão da Copa do Brasil e do rol dos grandes clubes brasileiros, buscam se impor com maior ou menor intensidade em qualquer jogo, não importa onde.

Cada um de acordo com suas possibilidades, de acordo com os limites de seus elencos, mas filosoficamente voltados para ter bons desempenhos. É verdade que Tite é adepto de tal ideia, embora também seja verdadeiro que não tem conseguido aplicá-la desde o fim das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018.

Fábio Carille não é e, ainda jovem, 45 anos, precisa urgentemente reavaliar seus conceitos. Aliás, a questão não é de idade. É de cabeça. Há jovens de cabeças velhas e vice-versa.

Jorge Jesus tem 65; Jorge Sampaoli, 59; Renato Portaluppi, 57 e Tiago Nunes, 39. Convenhamos que jovem de cabeça jovem só o treinador do Furacão.

É possível ter um time nacional na decisão da Copa Sul-Americana, em Assunção, no Paraguai. E olhe lá.

É certo que vamos ter um em Santiago, no Chile, na final da Libertadores, ou o Flamengo ou o Grêmio, contra Boca Juniors ou River Plate.

Caso o campeão seja carioca ou gaúcho, sempre haverá o Pacheco para dizer que a conquista do mais importante torneio continental de clubes, somada à da Copa América pelo time da CBF, prova que, neste lado do mundo, ainda somos os reis.

Estarão redondamente enganados porque a conquista da seleção esteve longe de ser animadora e porque nem Flamengo, nem Grêmio, são o padrão de nossas equipes, ao contrário, não passam de exceção, como Santos e Athletico, 4 times em 20 da Série A do Campeonato Brasileiro.

Que sirvam como modelos a ser seguidos, embora devessem ser desde já.

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