Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Brasil x Senegal: por quê?

Em tese, todo jogo faz sentido. Alguns mais que outros. Esse faz para poucos

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Se você é de acordar tarde, pronto! Perdeu o jogo do Brasil contra Senegal.

E, se não viu, foi porque tinha certeza de que não perderia nada.

Nem que a seleção brasileira tenha vencido, muito menos se tiver perdido.

Coisa que jamais aconteceu, perder para Senegal. Pelo singelo motivo de ser o primeiro jogo entre as seleções principais dos dois países.

Neymar completará 100 jogos pela seleção brasileira no amistoso desta quinta (10)
Neymar completará 100 jogos pela seleção brasileira no amistoso desta quinta (10) - Feline Lim/Reuters

Já os times sub-20 se enfrentaram uma vez, pelas semifinais do Mundial da categoria, em 2015, na Nova Zelândia.

Com Gabriel Jesus em campo, os brasileiros golearam por 5 a 0, e o ex-palmeirense é o único daquele time que sobreviveu até chegar ao time principal.

A goleada brasileira aconteceu em Christchurch –cidade de menos de 400 mil habitantes que ganhou as manchetes do mundo em março último, quando Brenton Tarrant, extremista de direita neozelandês, invadiu duas mesquitas, matou 51 muçulmanos e feriu 49.

Se é assim a vida dos jogadores de futebol, uma quando jovem, outra já adulto, a trajetória da seleção da CBF tem sido a mesma: jogos nos confins do planeta contra adversários que nem sempre acrescentam muito, exceção feita aos bolsos de quem os vendeu.

Mesmo que as vendas sejam cercadas de denúncias, de provas e até de confissões, a "nova" CBF cumpre religiosamente o que foi contratado pela "velha", e não apenas deixa de receber o que lhe foi tungado, como faz questão de dizer à Fifa que nada tem a reclamar.

Porque na verdade não existe nem a nova nem a velha CBF: existe a Casa Bandida do Futebol de sempre, desde que Ricardo Teixeira a assumiu, em 1989, sob os auspícios do então sogro João Havelange, e passou a bola para José Maria Marin, deste para Marco Polo Del Nero até chegar às mãos de Rogério Caboclo.

Fazer de conta que Caboclo não é mera sequência da linhagem que o antecedeu é imitar avestruz.

Mas o que esperar do jogo desta quinta (10) se a rara leitora e o raro leitor levantaram cedo para vê-lo e dividem o café da manhã com a leitura destas linhas?

Qualquer coisa.

Até coisa boa, entre os terceiros e os vigésimos colocados no ranking da Fifa.

Porque Tite diz a verdade quando se refere aos ensinamentos que pode tirar desses jogos.

Por exemplo: na recente derrota para o Peru, deve ter aprendido que a CBF é tão indecente que não cuida nem de saber em que gramado exporá os caríssimos jogadores cedidos pelos clubes do mundo afora e do Brasil.

E que quem tem Neymar não deve deixá-lo no banco porque pode ser tarde quando resolver mandá-lo para campo.

O Senegal é o atual vice-campeão africano, derrotado, em julho, pela Argélia na final, por 1 a 0, no Egito.

Os tempos ingênuos do futebol africano ficaram para trás, a força física é uma de suas características e sobram talentos como o egípcio Mohamed Salah, Sadio Mané e o argelino Riyad Mahrez, para citar apenas três atacantes que seriam titulares na maioria dos times do planeta bola.

Basta dizer que todos os jogadores senegaleses convocados para enfrentar os brasileiros jogam na Europa, alguns com destaque, além do ídolo do Liverpool, Mané.

O atacante Diallo, do Metz, por exemplo, é bom atacante e um dos artilheiros do Campeonato Francês, com seis gols em nove jogos.

Como são bons o zagueiro Koulibaly, do Napoli, e o meio-campista Gueye, do PSG.

Ou seja, o teste até pode valer.

O que não vale é desfalcar o Campeonato Brasileiro.

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