Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Um Sheik na crise corintiana

O alvinegro despenca ladeira abaixo em meio à bagunça da falta de comando

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Não há corintiano que não tenha carinho por Emerson Sheik, autor dos gols que derrotaram o Boca Juniors e valeram o título da Libertadores em 2012.

Está longe de ser como em relação a Basílio, o Pé-de-Anjo de 1977, mas Sheik tem lugar garantido na história alvinegra, eleito o melhor jogador do torneio continental sete anos atrás.

Emerson Sheik deixou a carreira de jogador de futebol no fim da última temporada
Emerson Sheik deixou a carreira de jogador de futebol no fim da última temporada - Daniel Augusto/Ag. Corinthians

Intocável desde a conquista inédita para o Corinthians, ele nunca mais foi o mesmo e usou e abusou de seus privilégios, pouco assíduo aos treinamentos.

Tite morreu abraçado ao Sheik em sua primeira passagem vitoriosa pelo time de Parque São Jorge.

Mano Menezes o dispensou, mas o companheiro de baladas, Andrés Sanchez, o trouxe de volta até que pendurasse as chuteiras e, aí, como promoção sem noção, virou gerente de futebol do clube.

Boa parte da crise corintiana encontra aí sua razão de ser.

Se a cartolagem alvinegra exagera na reverência a ele, os jogadores o têm como parceiro e seu exemplo está longe de ser algo a ser seguido.

Esqueça as encrencas que protagonizou dentro de campo por onde andou e foi, diga-se, campeoníssimo.

Limite-se a relembrar os pecados cometidos fora das quatro linhas, recolhidas e reproduzidas de singelo pró-memória do sítio do jornal O Globo:

1. Gato: trocou de nome e data de nascimento.

Emerson nasceu no dia 6 de dezembro de 1978 e foi registrado como Marcio Passos de Albuquerque.

Em 1996, mudou o nome para Marcio Emerson Passos e o ano de nascimento para 6 de setembro de 1981.

Assim, conseguiu entrar nas categorias de base do São Paulo.

Emerson Sheik comemora o título da Recopa, em 2013, após vitória do Corinthians sobre o São Paulo
Emerson Sheik comemora o título da Recopa, em 2013, após vitória do Corinthians sobre o São Paulo - Julia Chequer/Folhapress

2. Adulteração de passaporte: em 2006, o atacante foi detido pela Polícia Federal no aeroporto do Galeão.

Estava com passaporte falso ao tentar embarcar para o Qatar.

Com identidade adulterada, tirou o passaporte e o título de eleitor falsos.

Conseguiu a liberação ao pagar multa de R$ 70 mil e aceitar a pena de prestar serviços comunitários por 18 meses.

3. Processo por contrabando: um carro importado deu dor de cabeça ao jogador.

Sheik foi acusado de lavagem de dinheiro e contrabando por conta da situação irregular do veículo.

A Justiça o inocentou, mas o Ministério Público recorreu da decisão.

Em março de 2017, a sentença finalmente saiu, e Sheik foi condenado a pagar R$ 466 mil, além de juros.

4. Parado na blitz da Lei Seca: em 2012, Emerson Sheik teve problemas com a Operação Lei Seca, no Rio de Janeiro.

O atacante foi parado na Avenida Brasil e se recusou a fazer o teste do bafômetro.

Por conta disso, teve a carteira de motorista apreendida, recebeu multa de R$ 957,50 e recebeu sete pontos na carteira.

Emerson Sheik durante partida entre Corinthians e Deportivo Lara, pela Libertadores de 2018
Emerson Sheik durante partida entre Corinthians e Deportivo Lara, pela Libertadores de 2018 - Ronny Santos/Folhapress

Convenhamos, não é um currículo que justifique o posto de gerente de futebol.

Junte tamanha folha corrida às dificuldades como gestor de grupo do ainda iniciante Fábio Carille e o caldo de cultura para o mau momento alvinegro está dado, como se não bastasse a crise financeira instalada por Sanchez.

O pior é que não se vê luz no fim do túnel, apenas mais escuridão no fundo do poço.

Tudo indica que uma aliança entre Sanchez e o dono da Kalunga, Paulo Garcia, levará este último à presidência em 2020.

Se Garcia, ao menos, é rico o suficiente para não sangrar o clube, o irmão dele, Fernando Garcia, é empresário de jogadores e ganancioso o bastante para aumentar ainda mais sua influência no Corinthians.

Enquanto isso, o Flamengo...

Erramos: o texto foi alterado

O texto se referiu à segunda passagem de Tite no Corinthians como se fosse a primeira. A informação foi corrigida.

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