Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

A melhor campanha em Libertadores

Para melhorar a auto-estima corintiana, uma comparação entre os nossos campeões

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Só dois, dos dez clubes brasileiros campeões, ganharam a Libertadores invictos: o Santos, em 1963, e o Corinthians, em 2012.

Em duas finais contra o Boca Juniors.

Mas o Santos jogou quatro jogos e o Corinthians 14, único time sul-americano a ser campeão sem derrota em 14 jogos.

Ponto para o Corinthians.

Só que o Santos ganhou a decisão na Bombonera, por 2 a 1, e o Corinthians, no Pacaembu, por 2 a 0.
E por que o Santos disputou só quatro partidas?

Porque havia vencido o torneio no ano anterior, depois de nove jogos, ao decidir com o Peñarol, então poderoso, em três jogos, pois venceu no estádio Centenário, mas perdeu na Vila Belmiro, o que levou o desempate ao Monumental de Nuñez e ao 3 a 0 para os brasileiros.

Como o Flamengo agora, o Cruzeiro também disputou uma decisão com o River Plate, em 1976, em três jogos.

Como o Santos, o Grêmio, em 1983, enfrentou o Peñarol em finais, coisa que, aliás, o Santos fez de novo em 2011, mas os uruguaios já não eram mais sombra do que foram.

Como se sabe, três de nossos clubes ganharam a Libertadores três vezes: o São Paulo, o Santos e o Grêmio.

Curiosamente, o São Paulo jamais pegou um grande rival na decisão, ao decidir com Newell's Old Boys, Universidade Católica e Athletico Paranaense, assim como o Palmeiras decidiu, em 1999, com o Deportivo Cáli.

Dramático como foi o épico triunfo do Flamengo sobre o River jamais houve, embora o Corinthians, na Bombonera, tenha empatado 1 a 1 com o Boca graças a gol de Romarinho, em seu primeiro toque na bola, aos 40 minutos do segundo tempo.

Muitos andam atribuindo a conquista rubro-negra à perda de bola de Lucas Pratto que originou o empate e a desorientação total dos portenhos.

Que o erro aconteceu é inegável, mas são esses acasos que decidem a maior parte dos jogos pelo mundo afora.

Voltemos ao histórico 1 a 1 corintiano contra os xeneizes.

O gol argentino, aos 27 minutos, nasceu do rebote de mão na bola de Chicão, na linha fatal.

Não tivesse saído o tento, o árbitro marcaria o pênalti, expulsaria Chicão, provavelmente o Boca abriria o placar do mesmo modo e teria 18 minutos para ampliar contra dez alvinegros. O jogo no Pacaembu, que o Corinthians disputou podendo empatar 0 a 0, teria outra história.

É inútil tentar convencer o torcedor de um time que a conquista de outro foi maior que a dele.

E é óbvio que a do Flamengo agora superou a de 1981 contra o inexpressivo Cobreloa chileno, mesmo com Zico, algo aceitável para o rubro-negro porque são duas façanhas do seu clube.

Diga a ele, porém, que Santos e Corinthians o superaram, não só pela invencibilidade, (o Flamengo perdeu três dos 14 jogos), como porque o Boca é maior que o River. Rirá na sua cara, com desdém.

Faça pior: diga ao santista que 2012 foi maior que 1963.

"Como, Sheik e Romarinho foram maiores que Pelé e Coutinho?", perguntará incrédulo com a suposta heresia.

É claro que não, mas, de fato, a melhor campanha da história da Libertadores foi a do Corinthians.

O que não o torna o maior brasileiro campeão diante do trio tricampeão, dos bicampeões Cruzeiro, Flamengo e Inter, nem o melhor, porque aí tem o Santos de Pelé, o Flamengo de Zico, o Cruzeiro de Jairzinho, o Grêmio de Renato Gaúcho, o São Paulo de Telê etc e tal.

Apenas o de campanha mais brilhantes. Não é pouco.

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