Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Está na hora de fazer valer a letra do hino, Palmeiras

Centenária história do clube precisa ser respeitada

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Quando faltavam dez rodadas para terminar o Campeonato Brasileiro, a campanha do Palmeiras, com 57 pontos, era idêntica à que o levou ao título de 2016. E um ponto superior à da conquista em 2018.

O alviverde colheu vitórias nas três rodadas seguintes, contra São Paulo, Ceará e Vasco, com rota resultadista bem-sucedida, atrapalhada pelo empate no dérbi na 32ª rodada e por novo empate com o Bahia na seguinte.

Aí vieram a derrota para o Grêmio, a degringolada contra o Fluminense e o baile imposto pelo Flamengo. Fim de linha para Mano Menezes e Alexandre Mattos. O milionário Palmeiras estava não apenas estonteantes 19 pontos atrás do também rico Flamengo, mas a 3 do problemático Santos. Inadmissível!

Sua presidenta de fato, a patrocinadora Leila Pereira, já havia falado em aprender com os próprios erros e com os acertos dos outros, sinalizando ir em busca do caminho rubro-negro.

Terá de engolir a entrevista dada ao jornalista André Henning, do Esporte Interativo, em 2017, quando disse confiar tanto em Mattos que reveria o investimento de suas empresas no clube se ele fosse demitido.

Terá porque sonha ser presidenta de direito, não apenas de fato como é hoje, a ponto de anunciar, antes da rainha da Inglaterra, Mauricio Galiotte, que ocupa transitoriamente o trono, a demissão da dupla M&M.

Leila Pereira ao lado de Mano Menezes
Leila Pereira anunciou a demissão de Mano Menezes antes da rainha da Inglaterra - Reprodução

Quando aqui se mostravam os riscos de parceria tão desequilibrada, em que a patrocinadora subjugava a soberania dos poderes do clube; quando aqui se revelava que a patrocinadora virou conselheira por meio de fraude da qual hoje se arrepende o inefável Mustafá Contursi, ao dar a ela o direito de ser candidata à presidência já na próxima eleição no ano que vem; quando aqui, enfim, se dizia que a ex-vascaína queria a visibilidade social que os juros extorsivos não lhe dão, palmeirenses cegos pelo dinheiro fácil, e pelos dois títulos brasileiros, contestavam como se fosse inveja de torcedor, esquecidos de que críticas idênticas foram feitas quando o Corinthians mergulhou na aventura da MSI, com dinheiro sujo da máfia russa em 2005, culminada com a queda para a Série B dois anos depois.

Também os corintianos se revoltaram, como ainda se revoltam quando é o estádio de Itaquera o alvo das críticas, muito antes de redundar no que redundou.

O torcedor tem o direito da paixão, não o da cegueira, muito menos o da burrice. Longe daqui imaginar que o Palmeiras terá o mesmo destino do rival com rebaixamento próximo. Ao contrário, porque o Palmeiras tem solução fácil, ao contrário do alvinegro.

Com o dinheiro garantido para eleger a patrocinadora no fim da próxima temporada, o Palmeiras poderá corrigir seus desatinos se trouxer a dupla Paulo Autuori e Jorge Sampaoli para fazer frente ao Flamengo em 2020. Autuori não é de jogadas extracampo, e Sampaoli é, mas das boas, no gramado.

Para que dê certo será preciso que cada um seja posto no seu devido lugar: o presidente de direito deverá assumir o cargo e a patrocinadora deverá se limitar ao seu papel, o de patrocinar. Melhor ainda se o submisso conselho do clube tiver coragem para reabrir o caso que deu lugar a quem não poderia nele se sentar.

Porque a centenária Sociedade Esportiva Palmeiras é muito maior que qualquer mecenas. E fazer boas campanhas nem sempre significa estar em boas companhias.

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