Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Anos 2000 começaram promissores para o futebol brasileiro

Conquistas dos 3 primeiros Mundiais da Fifa prometeram o que não cumpriram

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Nesta terça-feira (14), o futebol brasileiro comemora os 20 anos da conquista, pelo Corinthians, do primeiro Mundial de Clubes da Fifa.

Bem sei que a rara leitora e o raro leitor não corintianos dirão: “’O futebol brasileiro comemora’ uma ova. Só os corintianos comemoram”. Vá lá!

Vale dizer que os anos 2000 começavam gloriosos e assim seguiriam cinco e seis anos depois, com as conquistas do São Paulo e do Inter.

Mais: em 2002, a seleção ganhava o pentacampeonato mundial ao vencer a Copa do Mundo na Ásia com sete vitórias, repetindo a façanha do time de 1970, que também ganhou todos os jogos, mas um a menos.

De 2006, com o título dos gaúchos, para cá, porém, a seca se instalou no confronto do futebol brasileiro com o europeu.

Exceção feita a 2012, quando novamente o Corinthians levantou a taça do Mundial, só vivemos reveses nas Copas do Mundo de 2006, 2010 e 2018 —para não citar o vexame de 2014, quando o futebol brasileiro foi pisoteado, em casa, pelas chuteiras alemãs, naquele 7 a 1 tão estonteante que parece brincadeira, e assim acabou tratado pela CBF, que se limitou a trocar técnicos.

Os tais anos 2000 consagraram a opção preferencial dos torcedores por seus clubes em detrimento da seleção.

A razão está ligada ao enfraquecimento do futebol no Patropi devido ao êxodo cada vez maior do pé de obra nacional, à falta de vínculos afetivos com os principais jogadores nativos que invadem o mundo e à volta do olhar para nossas fronteiras, como a reação possível de quem não tem cão e é obrigado a caçar com gato.

Um pouco, também, como Fernando Pessoa: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”.

Se nas Copas do Mundo a seleção foi derrotada consecutivamente pela França (2006), Holanda (2010), Alemanha e Holanda (2014) e Bélgica (2018), os clubes brasileiros que lograram decidir o Mundial, como Santos (2011), Grêmio (2017) e Flamengo (2019), sucumbiram diante do Barcelona (4 a 0!), Real Madrid e Liverpool, pelas chamadas contagens mínimas.

Um dia Carlos Alberto Parreira disse que com mais organização o Brasil poderia ser a NBA do futebol, referência à hegemonia do basquete norte-americano.

Ele tinha razão, mas o país perdeu a chance de montar o cavalo que passou encilhado diversas vezes, não apenas uma vez, à sua porta.

Hoje parecemos condenados a ser a segunda divisão do futebol mundial —e olhe que progredimos na temporada passada, porque o Flamengo que o Liverpool derrotou não jogou complexado, por uma bola, como jogaram até os três campeões contra o mesmo Liverpool (2005), o Barcelona (2006) e o Chelsea (2012), além do Santos humilhado pelo Barça e o Grêmio, digno, mas inofensivo, contra o Real Madrid.

O que fazer?

Primeiramente, comemorar efemérides como a das duas décadas completadas na terça, sem esquecer que a decisão se deu contra o Vasco e terminou 0 a 0, em 120 minutos.

Os cariocas ganharam o grupo que tinha o Manchester United, e os paulistas, o que tinha o Real Madrid.

E havia Dida, Vampeta, Rincón, Luizão, Ricardinho e Edilson de um lado, além de Mauro Galvão, Juninho Pernambucano, Edmundo e Romário do outro.

Difícil pensar hoje em dia num clássico nacional com tantas estrelas.

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