Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri
Descrição de chapéu Futebol Internacional

Punição ao Manchester City é exemplar ou apenas para inglês ver?

Acreditar em novos tempos no mundo do futebol é coisa para tolos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Percebam a rara leitora e o raro leitor como a vida é injusta.

Tiro parcos quatro dias para descansar numa linda praia pernambucana e espero que meu querido amigo PVC trate da punição imposta pela Uefa ao Manchester City, suspenso por dois anos da Liga dos Campeões da Europa. De mestre Tostāo não esperava nada porque assunto mundano demais para ser tratado por nosso gênio da raça do colunismo futebolístico.

Cada vez mais sábio com o correr dos anos, PVC cala, certo de que, mais cedo ou mais tarde, eu trataria do assunto.

Porque é assim: temas chatos, deixa para ele, pensa o PVC, ao saber de mim mais que eu mesmo.

Vamos lá.

Primeiramente é preciso dizer que o capitalismo selvagem vigora no futebol, absolutamente despreocupado com os pequenos.

Assim como a maioria dos defensores do liberalismo gosta mesmo é de ser monopolista, de matar os concorrentes, por mais que discurse sobre a concorrência obrigar a estar sempre atento, a se aperfeiçoar. Balela!

Só que no esporte de competição se não houver concorrentes a tendência é a que vemos na Alemanha com o Bayern de Munique heptacampeão seguido, na Itália com a Juventus octa, com o crescimento das goleadas, nada, por exemplo, que se pareça com a NBA.

Clubes de futebol são em regra voltados para o próprio umbigo e, impulsionados pela paixão de suas torcidas, não querem dividir as glórias com ninguém.

Ocorre que o Manchester City foi pego pelo chamado Football Leaks que revelou, em conjunto com a revista semanal alemã Der Spiegel, mensagens de tramoias financeiras trocadas pelo clube com seus patrocinadores, escândalo suficiente para a Uefa ter de dar resposta dura.

Verdade que o PSG também entrou na dança, mas o clube francês tem mais força política que o novo-rico clube inglês e se safou.

A punição saudada como sinal de cumprimento da lei parece demagogia, tanto que o atual presidente da Fifa, Gianni Infantino, quando secretário-geral da Uefa, também foi pego pelo Football Leaks, no mesmo caso, instruindo cartolas dos dois clubes para protegê-los.

Acreditar em novos tempos, em transparência, em decência no mundo do futebol é coisa para tolos, ingênuos, esperançosos, ou otimistas inveterados. Escolha onde se enquadrar.

E não se espante se a punição for abrandada adiante.

Aliás, não se surpreenda caso aconteça uma reação dos gigantes europeus.

Barcelona, Real e Atlético de Madrid, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, Juventus, Roma, Inter e Milan, PSG, Liverpool, Arsenal, Manchester United, Tottenham e Chelsea, além do Manchester City, não é de hoje vêm pensando na Superliga da Europa e a manutenção da punição pode ser a senha para botar a rebelião em marcha: um Campeonato Europeu entre os 16 maiores clubes do continente, turno e returno, pontos corridos, sem rebaixamento, num modelo como as ligas norte-americanas e uma banana para a Uefa e para a Fifa com essa ideia maluca do Mundial de Clubes a cada quatro anos.

O resto que se exploda.

Enfim, não há por que festejar. Melhor esperar para ver no que vai dar.

É como a “nova” CBF ao fazer de Juninho Paulista diretor de seleções apesar do conflito de interesses entre seus negócios no futebol, como mostrou o repórter Lúcio de Castro, da excelente Agência Sportlight.

Solidariedade

Patrícia Campos Mello ficará. Os bolsominions passarão.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.