Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Como o Ministério da Economia, clubes culpam pandemia por falência

Cínicos, hipócritas e mentirosos, dirigentes quebraram equipes brasileiras

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Como se fossem o ministério da Economia, clubes culpam pandemia por falência

Endividados, quebrados, praticamente falidos se não gozassem de regime ultrapassado e predador, os clubes apelam à viúva com a desculpa de que a pandemia os levou à bancarrota.

Cínicos, hipócritas e mentirosos.

Pouquíssimos podiam dizer que estavam em situação saudável antes do coronavírus. Assim mesmo nem tanto a julgar pelos cortes infames que o Flamengo fez de 62 trabalhadores que menos podem no clube, provavelmente porque seu presidente, Rodolfo Landim, concorra ao título de “Cartola Ceifador de 2020”, tão sensível se revela em relação aos funcionários vivos e às famílias dos jovens jogadores mortos.

O clube mais popular do país tem apreço pelos seus comparável ao do velho da Havan com os dele.

Já o segundo clube mais popular nem a conta de luz paga em dia, além de não publicar o balanço como a legislação determina até o último dia de abril.

Sabem a rara leitora e o raro leitor qual é a desculpa do presidente alvinegro?

Andrés Sanchez argumenta com a medida do governo para que as empresas possam publicar seus balanços até julho.

Só que o Corinthians não é empresa e Sanchez é contra a ideia de que venha a ser.

Então, em vez dos clubes agirem para fazer bom suco dos dois projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, o do clube-empresa e o da Sociedade Anônima do Futebol, buscam aprovar um terceiro, infame, em regime de urgência, do deputado baiano Arthur Maia (DEM).

Com três objetivos básicos como aponta o especialista em Direito Esportivo João Henrique Chiminazzo: “Estabelecer que nos próximos 180 dias o clube não precise recolher o FGTS do jogador e o jogador não possa pedir a rescisão do contrato, o que anula a validade do artigo 31 da Lei Pelé; modificar a Cláusula Compensatória Desportiva (multa quando o clube demite o jogador). A lei diz que o mínimo seriam os salários restantes até o final do contrato. O projeto reduz esse valor para metade do que o jogador iria receber até o final do contrato e ainda permite que seja pago de forma parcelada; suspender o pagamento do ProFut por parte dos clubes”.

Um escândalo!

Empurram ainda mais com a barriga suas pendências com o Estado brasileiro e tungam os bolsos dos jogadores, embora estes até mereçam dada a passividade com que a tudo veem e nada fazem.

A sem-cerimônia da cartolagem em assaltar os cofres públicos, e explorar o pé de obra alheio, só não estarrece a nacionalidade porque nos acostumamos a ver o Posto Ipiranga dizer que o país estava decolando antes da Covid-19, num espetáculo de desfaçatez comovente.

Ninguém minimamente sensato desfaz dos prejuízos causados pela pandemia, assim como não pode aceitar desculpas esfarrapadas sem que haja contrapartidas da parte de quem, por irresponsabilidade, má gestão e maus feitos, fez de nossos clubes verdadeiros sacos sem fundos.

Se crise é oportunidade, a mais recente não pode servir para fazer de conta que tudo vinha bem até que ela desse o ar de sua desgraça.

Muito menos pode servir para a volta açodada dos campeonatos e botar em risco a vida dos participantes.

Em meio a tudo isso, quando uma voz do mundo da bola se manifesta corretamente como fez Raí, surge um bobinho amestrado para criticar a mistura de futebol com política.

Com zero de ética, caiu a máscara de Caio Ribeiro, filho de mau conselheiro oposicionista são-paulino.

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