Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

E não é que outra vez o futebol e a política se misturam para chocar alienados?

É preciso não dar aos fascistoides a oportunidade para golpear as instituições

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Já não bastaram Muhammad Ali, Doutor Sócrates e LeBron James?

Ou meio século de profissão ouvindo de ouvintes e telespectadores, e lendo de leitores, que esporte e política não se misturam?

Gente que diz buscar a seção de esportes para ler sobre esportes, que procura blogues de futebol para ler sobre futebol ou mesas redondas esportivas para saber de gols, não falta pelo mundo afora.

Gente que argumenta estar cansada da política e que não está nem aí para os rumos do país, dados exatamente por políticos, não por atletas.

E menos mal que sejam dados por políticos e não por militares, craques em outro ofício.

E menos mal, ainda, que haja atletas interessados em participar da vida de seus países.

É claro, gostamos mais daqueles mais próximos de nossas visões, embora deva ficar explícito como são bem-vindos os divergentes.

Nunca os terraplanistas, porque aí é demais. Afinal, temos um ex-astronauta no ministério da Ciência e Tecnologia que, em rede social, publicou foto do planeta feita pela NASA, e o danado é mesmo redondinho, como uma bola. Ele, o ministro Marcos Pontes, lembre-se, foi o primeiro brasileiro a viajar pelo espaço. Verdade que parece ainda não ter pousado, caso contrário não serviria os obscurantistas.

Voltemos ao candente tema sobre política e futebol, futebol e política.

A presença de alas pela democracia de torcidas organizadas em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro despertou as mais diversas reações.

Desde uma bolsominion captada ao manifestar seu horror na Avenida Paulista ---"Meu Deus, os antifas chegaram, pobre Brasil!"---, até os que lembraram da violência como marca registrada dos torcedores organizados.

Ela, coitada, e coerente com seu presidente fã de Benito Mussolini, imagina ser antifascista como atitude pejorativa.

Os outros, generalizadores, com certa razão, desconhecem, no entanto, os estudos e pesquisas sobre violência das organizadas, todos a demonstrar ser de, no máximo, 7% os membros violentos, impunes por inépcia das autoridades.

Curiosamente, ou não, quem generaliza um lado aplaude a violência do outro, bem personificada nas polícias daqui e pelo mundo afora, como se vê, mais uma vez, nos Estados Unidos.

Sim, a vida dos negros importa, tanto quanto a dos amarelos e brancos. E a dos povos indígenas.

Quis a história recente do Brasil ter na Democracia Corinthiana um exemplo de cidadania na campanha pelas Diretas Já!, além das quatro linhas dos gramados.

Como quer, agora, a participação de cidadãos torcedores de futebol a favor das liberdades nas ruas do país.

Ou só os bolsominions podem tomá-las irracionalmente com palavras de ordem pela barbárie em plena pandemia?

Há um bando de loucos também disposto a defender suas bandeiras, com a inestimável vantagem de serem iluministas.

Será preciso não cair em provocações, não dar aos fascistoides a desculpa esfarrapada para golpear as instituições como sempre desejaram.

As torcidas cariocas prometem manifestação neste domingo (7) ainda maior que a paulista, interessante desafio do bem para a tradicional rivalidade interestadual.

Resta saber se a PM será neutra, como é seu dever, ou se mais uma vez servirá aos capachos dos que buscam entrar de sola na jovem democracia brasileira.

Porque aqui tem um bando de loucos, loucos por ti, Brasil!

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