Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Maracanã é visto de forma diferente segundo as cores de cada um

Septuagenário, o cartão de visitas de nosso futebol varia conforme o torcedor

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Ao completar 70 anos nesta terça-feira (16), o Maracanã, outrora o maior estádio do mundo, tem significado especial na memória do torcedor e é diferente segundo as cores de cada um.

Atleticanos mineiros e coxas o têm como palco de seus únicos títulos brasileiros, em 1971 e 1985.

Palácio de Zico para os rubro-negros, de Mané Garrincha e companhia bela para os botafoguenses, da Máquina Tricolor de Rivellino para os torcedores do Fluminense, de Roberto Dinamite para os vascaínos.

Nele, o Palmeiras conquistou a Copa Rio de 1951, diante de 100.093 torcedores ao empatar com a Juventus por 2 a 2 e goleou o Flamengo de Zico, por 4 a 1, para surpresa de 112 mil pessoas, em 1979, show que fez de Telê Santana o treinador da seleção brasileira.

Já o santista o teve como sua casa, onde superou o Benfica e o Milan para ser bicampeão mundial em 1962/63, além de golear sucessivamente o Botafogo de Mané em jogos memoráveis nos anos 1960.

Se dói na alma corintiana lembrar que, em 1980, Roberto Dinamite marcou cinco vezes no massacre por 5 a 2 com Sócrates e tudo, a dor se esvai quando recorda dos 70 mil fiéis que o invadiram, em 1976, para ver o time finalista no Brasileiro ao empatar 1 a 1 com o Flu de Riva, perante 146 mil torcedores.

Para não falar do primeiro título mundial Fifa conquistado em empate com o Vasco de Romário em 2000, quando o ali lançado cantochão "O,o,o, todo poderoso Timão" tomou conta da Cidade Maravilhosa.

Também porque a seleção paulista ganhou por 3 a 2 da carioca no "Jogo da Rainha", em 1968, o Maracanã foi chamado de Recreio dos Bandeirantes, tão bem os da Pauliceia se dão lá.

Quando Sua Majestade, a Rainha Elizabeth, visitou o Brasil, fez três pedidos: conhecer o Bondinho do Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e ver o Rei Pelé no Maracanã.

Curioso nisso tudo é constatar que os alvinegros de São Paulo ganharam no estádio carioca alguns dos maiores títulos de suas histórias e que nenhum carioca conquistou taça do mesmo porte em casa.

Como é verificar, também, que a seleção brasileira tem o Maraca mais como velório que como salão de festas.

Porque nenhuma vitória se compara à derrota de 1950, o célebre Maracanazo

Houve vitórias importantes como a contra o próprio Uruguai quando Romário classificou o time para ser tetracampeão nos Estados Unidos; houve a final da Copa das Confederações contra a Espanha e houve a medalha de ouro olímpica na disputa com a Alemanha.

Nada à altura da virada uruguaia em 16 de julho de 1950.

O Maracanã, como se sabe, tem o nome do jornalista rubro-negro Mário Filho, irmão do tricolor Nelson Rodrigues, e ambos não perdoariam a ausência de referência ao Fla-Flu num texto sobre seus 70 anos.

De fato, o clássico mais colorido do mundo, o que começou 40 minutos antes do nada, merece.

E no que ficou conhecido como o "do gol de barriga de Renato Gaúcho", 3 a 2 para o Flu, na decisão do Campeonato Carioca de 1995, no finzinho, para impedir o título do centenário flamenguista, com Romário em campo e 120 mil presentes, a língua portuguesa lavrou um tento: uma paulista, em sua primeira visita ao Maracanã, ao entrar na tribuna e ver a cena descortinada à sua frente, entre cantos e bandeiras, materializou diante do marido, pela primeira vez na vida dele, a expressão ficar boquiaberta.

Quase caiu-lhe o queixo

Erramos: o texto foi alterado

A final da Copa do Mundo de 1950 entre Brasil e Uruguai foi realizada no dia 16 de julho de 1950, não no dia 17, como publicado no texto. A informação foi corrigida.
 

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