Farei aqui o que critico nos outros por aí.
Um exercício infantil, coisa que as pessoas gostam e os críticos detestam: comparar jogador a jogador dos dois finalistas da Liga dos Campeões da Europa, no Estádio da Luz, em Lisboa, 16h deste domingo (23).
Para definir quem tem mais time entre o bávaro Bayern Munique e o parisiense PSG.
Algumas premissas, digamos, mais adultas, devem ser consideradas.
A primeira é a de que as comparações serão feitas pelo momento de cada jogador, sem considerar as carreiras.
A segunda é a de que nem sempre um time que tem mais jogadores superiores joga melhor futebol como equipe.
O que move o exercício é a constatação da crítica especializada no sentido de que os alemães têm mais conjunto, jogam o chamado futebol total, não dependem de individualidades.
Por isso atropelaram o Barcelona escravo da genialidade de Lionel Messi, o que provaria não haver mais espaço para uma andorinha só fazer verão.
O PSG estaria mais para a situação catalã em relação a Neymar, embora Mbappé não possa ser esquecido.
Verdade? Mentira? E se o PSG vencer?
Bem, se o time francês ganhar será porque qualquer time pode vencer um jogo isolado, e o PSG não é time qualquer, muito ao contrário, trata-se de timaço.
Nem por isso, campeão, será melhor que o BM, como a Itália não era superior à seleção brasileira em 1982, embora também dona de grande time —e, de fato, superior naquele 5 de julho, no estádio de Sarriá, em Barcelona.
Mas vamos às comparações, quase com vergonha, apesar de ao cabo revelar, talvez para muitos, interessante surpresa.
Entre os goleiros, Neuer ganha de Navas.
Kimmich é imbatível no duelo com o bom Kehrer.
Boateng está um degrau acima do brasileiro Thiago Silva.
Alaba e Kimpembe empatam em alto nível.
Davies está infernal, bate Bernat.
Entre Goretzka e Marquinhos há novo empate.
E Thiago Alcântara ganha de Paredes.
Assim como Perisic é superior a Herrera.
Sobram Müller, Gnabry e Lewandowski do lado germânico e Di María, Mbappé e Neymar do bleu, blanc, rouge.
Aí Müller deixa Di María para trás, o iluminado Gnabry perde para Mbappé e Lewandowski não chega a ser Neymar, embora concorra com ele ao título de número 1 do mundo caso leve seu time ao hexacampeonato europeu.
Qual a surpresa?
Apesar do jogo coletivo alemão ser cantado em prosa e verso com razão, a supremacia individual também é do BM.
A contagem final mostra 7 a 2 para o BM e dois empates.
Bayern campeão?
Tudo indica, sem dúvida, ainda mais porque nem a leveza de ser franco-atirador, não ter nada a perder, já chegou longe demais, favorece o PSG.
Porque é enorme o peso do investimento de quem busca uma taça inédita, maior até que o do favorito pentacampeão.
Agora, o muro!
Se a rara leitora e o raro leitor perdoarem a brincadeira de criança e fizeram a mesma comparação entre o Bayern e o Lyon, dará 11 a 0.
Nem por isso o sétimo colocado no Campeonato Francês passado deixou de mostrar que poderia vencer, não fossem três gols desperdiçados nos primeiros 15 minutos da semifinal.
Provavelmente, saíssem na frente, levariam a virada, mas aí já estaríamos exagerando ao querer prever o passado.
Enfim, resta um conselho aos jovens jornalistas, e aos mais velhos também: não façam o que fiz.
Porque o futebol tem razões que o imponderável desconhece.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.