Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro 2020

Vitória do Palmeiras sobre o Bragantino tem o dedo de Luxemburgo

Nada como vencer de virada para mudar humores. Que o digam os palmeirenses

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O Palmeiras fazia mais uma apresentação lamentável sob o sol escaldante de Bragança Paulista. Perdia a invencibilidade para o Bragantino, um dos lanternas do Covidão-20, e nada indicava que evitaria a derrota.

As redes sociais alviverdes, ainda no intervalo, com o jogo 0 a 0, estavam repletas de “Fora Luxemburgo!”.

Com o 1 a 0 dos anfitriões, era possível ouvir a gritaria. Cabeça fervilhando nos quase 30°C e 26% de umidade, o treinador se dividia entre as desculpas que daria ao fim do jogo e as cinco mexidas que sempre faz no segundo tempo, para aproveitar a fartura do elenco e explorar o esgotamento dos pobres adversários.

Entre as desculpas, duas válidas: é impossível jogar bem naquela temperatura e o VAR varia em seus critérios, ao não ver pênalti da bola no braço do zagueiro bragantino embora tenha visto no do palmeirense contra o Inter.

Nenhuma delas, no entanto, capaz de justificar o futebol indigente sob quaisquer condições climáticas.

Aos 20 minutos do segundo tempo, então, Gabriel Veron e Willian entram no jogo, Mayke sai e Gabriel Menino vai para a lateral-direita no lugar dele.

Dois minutos depois, Menino cruzou na cabeça do xará Veron e o Palmeiras empatava pela quinta vez em sete jogos. Permanecia invicto, embora empacado na tábua de classificação.

Só que teria mais. Em jogo com ritmo bem melhor apesar do calor ainda maior, o cansaço começou a cobrar seu preço, a abrir espaços no gramado incandescente, lá e cá.

O Bragantino foi obrigado a tirar seu melhor jogador, o ex-palmeirense Artur, e Luxa ainda tinha Raphael Veiga para substituir o sonolento Lucas Lima, aos 39 minutos, quando o Braga era mais perigoso e Weverton havia evitado o segundo gol.

Pois não é que Veiga lançou Veron e o garoto deixou Willian na cara do gol para virar, fazer 2 a 1 e dar a terceira vitória ao Palmeiras que, com um jogo a menos, entra no páreo para brigar no topo da tabela?

Veja bem, se já não viu: Veron, Willian e Veiga, três dos cinco que vieram do banco, construíram a vitória que tornou desnecessário falar da arbitragem e da temperatura. Poderão a rara leitora e o raro leitor palmeirenses perguntar: “Mas é digno de elogio o técnico que corrige escalação errada?”.

Luxemburgo orienta o Palmeiras na vitória sobre o Red Bull Bragantino - Cesar Greco 6.set.2020/Palmeiras

Quem disse que houve erro na escalação? O Palmeiras tem jogado sempre com 16 jogadores e melhorado, porque os que entram tem o mesmo nível dos que saem e, descansados, se impõem diante do bagaço em que encontram os rivais. Vai dizer que não vale?

Basta dizer que a primeira vitória palmeirense, contra o Athletico, foi obtida aos 46’ do segundo tempo; a segunda, sobre o Santos já depois da metade da etapa final, aos 27’, além dessa terceira e do empate contra o Inter, também nos acréscimos. Inegável o dedo do treinador. “Ah, mas com elenco tão forte até eu”, você pode pensar e argumentar.

OK, OK, OK. Até eu também.

A graça de Graciliano

A editora Record lança “Pequena História da República”, do gênio da raça Graciliano Ramos, texto imperdível publicado em “Alexandre e Outros Heróis” e agora em livro só seu.

São 48 páginas de puro deleite. Só uma amostra, logo no início, da graça do alagoano que não gostava de futebol: “Em 1889 o Brasil se diferençava muito do que é hoje; (...) o rádio não anunciava o encontro do Flamengo com o Vasco, porque nos faltavam rádio, Vasco e Flamengo”.

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