Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Não foi um jogo extraordinário nem tinha torcida, mas foi uma delícia

Empate entre Manchester City e Leeds contrapôs Guardiola, discípulo, e Bielsa, mestre

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Voltemos, sem saudosismo, ao ano da graça de 1992, quando o São Paulo de Telê Santana ganhou a Libertadores e o Mundial ao bater o Newell’s Old Boys e o Barcelona.

No banco argentino, o treinador Marcelo Bielsa. No time espanhol, o meio-campista, Pep Guardiola.

Vejamos o que disse Loco Bielsa sobre aquelas finais: “O Telê Santana era uma mente superior, um grande treinador. Jogamos contra o São Paulo na final. Era uma equipe única, extraordinária e perdemos nos pênaltis. Ganhamos em Rosário. A gente não era melhor que o São Paulo. Depois da vitória em Rosário por 1 a 0, eu percebi que a torcida não comemorou muito. Eles sabiam que não seria suficiente. Eles eram tão bons que 1 a 0 não era suficiente. Ainda conseguimos levar a decisão para os pênaltis”.

Guardiola e Bielsa se cumprimentam após empate entre Leeds e Manchester City
Guardiola e Bielsa se cumprimentam após empate entre Leeds e Manchester City - Paul Ellis/Reuters

E Guardiola, o que achou: “Eu me recordo bem dessa final. O São Paulo foi infinitamente superior a nós, tinha uma equipe fantástica, com Raí, Cerezo, Müller e não tínhamos condições de superar”.

Naquela final, até chapéu de Raí o atual técnico do Manchester City levou.

Por que lembrar dessas finais agora?

Porque o Leeds de Bielsa recebeu o City de Guardiola no sábado (3) pelo Campeonato Inglês e o catalão jamais escondeu sua admiração pelo professor rosarino.

Por razões óbvias, não havia torcida nas arquibancadas do Elland Road, o que não colabora para emocionar.

Mesmo assim, o discípulo esmagou o time do mestre durante os 15 primeiros minutos de maneira impiedosa e fez 1 a 0 aos 16 min.

Aparentava uma goleada, não fossem as providências de Bielsa que, no segundo tempo, pôs o centroavante brasileiro naturalizado espanhol Rodrigo Moreno, 29, filho do ex-lateral Adalberto, do Flamengo, revelado na base da Gávea, mas com carreira toda feita na Europa, que empatou.

O Leeds voltou nesta temporada à Premier League depois de 16 anos, estreou vendendo caríssimo a derrota por 4 a 3 ao campeão Liverpool, ganhou seus dois jogos seguintes e agora parou o poderoso City que, aliás, vinha de sofrer goleada desconcertante, em casa, para o Leicester, por 5 a 2.

Estabelecido o empate, os dois times trocaram chumbo em busca da vitória, nem os visitantes satisfeitos com o ponto fora de casa, nem o time mais fraco feliz com o resultado diante do papão.

Nada menos futebol brasileiro na atualidade, com as exceções de praxe, aquele capaz de encantar Bielsas, Guardiolas e toda a torcida do Flamengo.

Ou a do São Paulo de antanho, hoje machucada por desempenhos medíocres como no empate, 1 a 1, com um dos lanternas Coritiba.

Ou, ainda pior, a do Corinthians, apavorada com a perspectiva de novo rebaixamento.

Ou até a do invicto Palmeiras, líder no torneio continental, no G4 no Nacional, mas que sofre, em casa, até contra o misto do Ceará, por pobre 2 a 1.

Feliz só o santista que tem Marinho e Soteldo para curtir.

Em tempo: a Premier League continuou no domingo (4).

No lendário Old Trafford, o Manchester United recebeu o londrino Tottenham, perdia por 2 a 1, ficou com dez, e levou de 6 a 1.

Nada comparável ao jogo surreal entre Aston Villa e os campeões mundiais de Jürgen Klopp, em Birmingham, 7 a 2 para o primo pobre, com três gols em bolas desviadas.

E Klopp? Dava gargalhadas.

E nós? Nós vendemos os Rodrigos ainda de fraldas, e por isso rareiam cada vez mais jogos históricos, como os três do fim da semana inglesa.

Inveja!

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