Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Juca Kfouri

Como coube ao Palmeiras em 1951, pode caber agora a revanche do 7 a 1

Para comodidade dos europeus, sacrificou-se a qualidade da final no Maracanã

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

É sabido que a conquista da Taça Rio, 70 anos atrás, serviu para se dizer que, então, o Palmeiras recuperou o amor próprio do futebol brasileiro humilhado com o Maracanazo imposto pelo Uruguai.

Agora só se pensará numa final contra o brilhante Bayern de Munique. Também para, de certa forma, dizer que minimizará a goleada do Mineirão.

Se de fato a conquista da Taça Rio serviu para tanto é o que contam os que a viram, como daqui a décadas poderá vir a ser a crônica de uma eventual vitória alviverde no Mundial de Clubes da Fifa, no Qatar.

Importará menos saber se de fato assim foi ou será, mas como os torcedores recebem as conquistas.

Claro que para chegar ao Bayern não apenas os germânicos terão de vencer a semifinal contra os africanos do Al-Ahly ou contra o Al-Duhail, representante do país-sede, como o Palmeiras terá de passar pelos mexicanos do Tigres ou pelos sul-coreanos do Ulsan.

É de se imaginar que tanto os alemães, quanto os mexicanos e coreanos tenham visto a decisão da Libertadores e perdido qualquer temor de enfrentar os brasileiros.

Porque de fato o jogo só não deu sono porque de tão tenso, de tão estabanado, era impossível dormir, principalmente para palmeirense e santistas.

Bem-aventurado gol de Breno Lopes que evitou o que seriam torturantes 30 minutos a mais de prorrogação.

E que castigo para o esperto Cuca comido pela própria esperteza! Formidável.

Sabemos todos, e que nem os alemães se enganem, ser o Palmeiras capaz de jogar muito melhor do que fez no escaldante verão carioca sem ar condicionado, diferentemente de como será, se for, no climatizado estádio Cidade da Educação, em Doha.

Repetiu-se no Maracanã o erro da final da Copa do Mundo de 1994, no estádio Rose Bowl, em Pasadena, California, sob o sol do meio-dia, de rachar mamona, 45 graus no gramado.

Para que o fuso horário permitisse comodidade aos europeus, sacrificou-se a qualidade do espetáculo, com aqueles 120 lamentáveis minutos sem gols entre Brasil e Itália.

Na Copa Intercontinental de 1999, em Tóquio, Manchester United marcou 1 a 0 contra o Palmeiras - Kimimasa Mayama/Reuters

Resultado: como agora, os europeus viram um joguinho, mas, pior, o mercado dos Estados Unidos, que era o a ser conquistado, passou mais uns 20 anos sem querer saber do nosso futebol.

Voltemos aos possíveis adversários do Palmeiras que devem estar aliviados depois do que viram: nem desconfiem que o time escondeu jogo porque ninguém faz isso numa decisão. Faltou futebol mesmo e ponto.

Nada obriga, porém, que não reapareça na semifinal e na provável final, porque time o bicampeão continental tem para tanto.

O futebol paulista passa a ter 9 dos 20 títulos brasileiros na Libertadores.

São Paulo e Santos seguem com uma taça a mais que o Palmeiras, mas o alviverde tem o dobro em relação ao maior rival, o Corinthians, pura verdade que, dita assim, parece muito.

Segue sendo cedo para qualquer comparação entre Abel Ferreira e o conterrâneo Jorge Jesus.

Jesus fez uma pequena revolução e Ferreira é evidentemente mais conservador.

Como parece ser mais simpático, mais inteligente e menos autorreferente.

Caso volte com o título que falta na galeria palmeirense, São Marcos que se prepare porque passará a ter rival à altura, pois certamente o lusitano também será canonizado.

Aliás, estamos diante da possibilidade de termos dois Abéis como os campeões do ano, o Ferreira, que já é, e o Braga.

Hábeis Abéis!

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.