Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Sequência do Palmeiras mostra que cartolagem é preguiçosa, predadora e burra

Com os três adjetivos, aqui vai a primeira homenagem da coluna, em 2021, à CBF

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Nos três primeiros dias do novo ano no mundo da pandemia, houve jogos pelos campeonatos da Alemanha, Argentina, Espanha, França, Inglaterra, Itália, até nas Séries B, C e D do campeonato nacional.

Mas na Série A, nada!

E, por quê?

Porque os cartolas da CBF tiveram um acesso de humanidade e resolveram permitir que os jogadores e árbitros desfrutassem das festas de fim e começo de ano?

Não!

A cartolagem pensa apenas em dinheiro e se assim não fosse o futebol nem sequer teria voltado em seu desafio à Covid-19.

A europeia, ao menos, não é tão cínica, nem tão hipócrita, nem tão preguiçosa, nem tão predadora, nem, principalmente, tão burra.

O que explica não termos, lá, um caso como o do Palmeiras, que por si só justificaria deixar de abrir mão de data para uma rodada completa do Covidão-20.

Jogadores do Palmeiras antes de partida contra o Internacional pelo Brasileiro
Jogadores do Palmeiras antes de partida contra o Internacional pelo Brasileiro - Diego Vara - 19.dez.20/Reuters

Como sabem a rara leitora e o raro leitor (feliz 2021!), o Palmeiras está classificado para disputar as semifinais da Covidadores-2020 nesta terça-feira (5) e na outra (12), com o favorito River Plate, além de para jogar as finais da Copa do Brasil contra o Grêmio, nos dias 3 e 10 de fevereiro.

E tem ainda 12 jogos a disputar até o fim do Covidão, razão suficiente para não poder dispensar data alguma, mesmo que seja, como seria no fim de semana que passou, para jogar no sábado e com time alternativo, embora River e Boca não tenham se poupado no sábado à noite.

Porque ao permitir que os campeonatos estaduais seguissem até o fim na pandemia —porque é daí que vêm os votos que perpetuam os presidentes da CBF— os times mais vencedores do país foram punidos de maneira inédita nesta temporada.

Em regra, já são e, por causa do coronavírus, a situação se agravaria mesmo. Mas, por aqui, a incompetência, a burrice, a preguiça e o espírito predatório são de tal ordem que o Palmeiras está diante de situação sem precedentes.

Caso o time passe pelo River, tarefa para lá de árdua, jogará a final da Covidadores, contra Boca Juniors ou Santos, no Maracanã, em jogo único, dia 30 de janeiro, um sábado.

Eis que no domingo (31) ele tem jogo marcado contra o Botafogo, na casa verde e, como já se viu, no dia 3, contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, ou em Porto Alegre ou em São Paulo — saberemos via sorteio no próximo dia 14.

Só que não fica por aí.

Porque caso o Palmeiras vença a Covidadores, terá de embarcar para o Qatar, com estreia marcada pelas semifinais do Mundial de Clubes, no dia 7 de fevereiro, quando está agendado também jogar, no Morumbi, contra o São Paulo!

Não se perca.

Dia 30/1 o Palmeiras poderá jogar a final do torneio continental; dia 3/2 tem o jogo de ida da decisão da Copa do Brasil: dia 7/2 a eventual semifinal do Mundial de Clubes e o jogo contra o São Paulo.

É claro que tem mais: tem dia 10/2 o jogo de volta da Copa do Brasil e, talvez, no dia 11, sim, no dia seguinte, a final do Mundial —além de encontro com o Coritiba, no dia 13...

Em tempo: a viagem entre São Paulo e Doha leva 15 horas e a diferença de fuso é de seis horas. Meio-dia em Brasília, 18h lá.

Abrir mão do Covidão será o de menos. Mas para ser campeão mundial, e acabar com a gozação que o atormenta, o Palmeiras terá também que abrir mão da Copa do Brasil caso vença a Covidadores. Punido por vencer!

Agora, pergunte ao presidente do Palmeiras como ele votou na eleição da CBF.

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