Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Mundial de Clubes 2020

Haverá, de fato, algum resultado que o futebol não permita?

Tigres tenta nesta quinta o impossível contra o Bayern de Munique no Mundial

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Existe algum resultado impossível num jogo de futebol?

Certamente, sim.

Por exemplo: é impossível uma seleção, por melhor que seja, mesmo que venha a ser campeã mundial, bater na semifinal da Copa do Mundo, na casa do adversário, uma outra seleção do mesmo patamar, por 7 a 1.

Pode apostar que jamais acontecerá.

Como é impossível que o time de um clube enfrente outro do mesmo nível, nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa, e goleie por 8 a 2.

O atacante Lewandowski celebra um de seus dois gols no jogo - Mohammed Dabbous/Reuters

A menos, é claro, que tanto a seleção e o time goleadores em questão sejam alemães.
Daí, tudo é possível.

Que o digam os brasileiros que jogaram no Mineirão, em 2014, ou os catalães do Barcelona que enfrentaram o Bayern Munique no Estádio da Luz, em Lisboa, no ano passado.

Porque os alemães parecem poder tudo, até decepcionar, como na pálida vitória sobre os egípcios do Al Ahly, no Mundial de Clubes no Qatar. O 2 a 0 com mais dois gols do atual número 1 do mundo, o polonês Robert Lewandowski, esteve longe de exprimir a diferença entre os times, com os bávaros aparentemente desconcentrados.

Terá sido por terem jogado três dias antes pelo Campeonato Alemão? Ou pelo desgaste do voo que atrasou sete horas? A saudade de casa? O sentimento de rejeição porque a torcida era toda pelos egípcios?

Seja pelo motivo que for, o jogo deixou clara uma lição para os mexicanos do Tigres: comportem-se como se fossem gatos escaldados; não cutuquem a onça com vara curta.

Os germânicos foram ao Qatar claramente em missão de paz, sem querer humilhar ninguém e apenas dispostos a ganhar mais uma taça, para completar a coleção de troféus e fechar a temporada com seis títulos: os do Campeonato Alemão, da Copa da Alemanha, da Supercopa da Alemanha, da Liga dos Campeões da Europa e da Supercopa da Europa e do Mundial.

Impossível para o Al Ahly vencer o Bayern, impossível para o Tigres, embora ambos capazes de retornar para casa com derrotas dignas. Para tanto bastará não provocar.

Os árabes souberam se comportar, resistiram um pouco, logo tomaram um gol ainda antes do 20° minuto de jogo, ficaram na deles e só foram sofrer o segundo tento no finzinho.

Vai que pregam uma peça no Palmeiras e poderão voltar para o Cairo com direito a serem recebidos com banda de música, sem aglomerações.

A receita para os norte-americanos deve ser a mesma.

Nada de agredir a defesa alemã, botar o goleiro Manuel Neuer em dificuldades, dar pontapé no meia Thomas Müller, irritar o zagueiro Jérôme Boateng.

Nem pensar em fazer 1 a 0 porque irá obrigá-los a ligar o modo atenção, coisa que não fizeram um minuto sequer contra o Al Ahly, descontraídos que estavam.

E se o Tigres ganhar?

Bem, daí a rara leitora e o raro leitor lerão aqui que o impossível acontece, sempre com os alemães envolvidos.

Que os mexicanos não sabiam que era impossível e venceram.

O Terceiro Mundo lavará a alma e a dor palmeirense aumentará diante da constatação de que dava para ser campeão para se livrar da eterna gozação sobre não ter mundial.

Enfim, tenha certeza: caso percam, os alemães não inventarão desculpas esfarrapadas.

Como a de Weverton ao dizer que não dormiu à noite antes do jogo. Ora, ou o planejamento foi mal feito, ou ele não estava bem preparado psicologicamente. Aliás, imagine se estivesse.

Teria pegado até o pênalti cobrado por André-Pierre Gignac.​

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