Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro 2020

O Brasil vai parar para ver Flamengo x Inter, arte contra força

Vitória gaúcha assegurará tetra; com triunfo carioca octa dependerá da última rodada

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Fazia tempo que a discussão não se instalava no país: futebol-arte ou futebol-força?

Pois no próximo domingo (21), no Maracanã, o jogo que pode decidir o campeonato caso o Inter, pragmático e físico, vença o Flamengo, leve e solto.

O Colorado com cinco gols a menos no ataque (60 a 65), mas com sete a mais no saldo, porque com defesa que levou 33 gols contra 45 do rubro-negro.

O veterano Abel Braga contra o novato Rogério Ceni.

Vitória gaúcha assegurará o tetracampeonato, depois de 41 anos de jejum. Vitória carioca e o octa dependerá ainda da última rodada.

Ceni, contestado por boa parte da torcida rubro-negra, com a volta de Rodrigo Caio, poderia ter montado a dupla de zaga com Gustavo Henrique, mas preferiu manter Willian Arão, volante por vocação.

E manteve o meio de campo com jogadores mais criativos que destruidores —Diego, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta— homenagem ao futebol bem jogado.

Coincidência ou não, aos nove minutos de jogo, Arão abriu o placar ao cabecear falta cobrada por De Arrascaeta.

Curiosamente, exatamente no mesmo instante, a seis quilômetros do Maracanã, em São Januário, Rodrigo Dourado, também de cabeça, também fruto de cobrança, por Moisés, de falta, fazia 1 a 0 para o Inter e mantinha o time gaúcho na liderança, num lance ajustado em que o VAR, por incrível que pareça, não pôde traçar as linhas para definir a legalidade do tento. A Casa Bandida do Futebol não se cansa de cometer vexames.

Jogadores do Inter comemoram gol de Rodrigo Dourado contra o Vasco
Jogadores do Inter comemoram gol de Rodrigo Dourado contra o Vasco - Alexandre Loureiro/Reuters

Só dava Flamengo no Maracanã e em outra bola aérea, agora em escanteio batido por Everton Ribeiro, a cabeçada de Bruno Henrique explodiu no travessão de Cássio.

Estava fácil, extremamente fácil, tanto para o Flamengo quanto para o Colorado.

Então o futebol resolveu dar o ar de sua graça: o chileno Ángelo Araos ganhou no corpo de Diego no meio de campo, enfiou a bola para Léo Natel nas costas de Arão e, no primeiro chute ao gol, o Corinthians empatou.

Justo não era, mas o Flamengo se abalou com o empate antes do 20° minuto e não levou mais perigo à meta paulista durante todo o primeiro tempo, diferentemente do Inter, que controlava o desesperado Vasco.

Não tenham dúvidas a rara leitora e o raro leitor que caso o Flamengo não vencesse a culpa seria de Ceni: “Arão não perderia no corpo para Araos, Gustavo Henrique não levaria bola nas costas”, um monte de bobagens invadiria as redes antissociais, o novo termômetro para avaliar a temperatura dos humores torcedores em tempos de estádios vazios.

Para alívio da chamada Nação, e nova decepção da Fiel, outra vez aos nove minutos, mas do segundo tempo, Gabigol pôs o Flamengo de novo na frente —57ª. vitória carioca no 140° Clássico do Povo, contra 53 derrotas.

Nos últimos nove jogos pelo Brasileiro, a sexta vitória da Gávea sem derrota alguma.

Já o Inter viu o Vasco perder pênalti e ainda fez 2 a 0, na volta em grande estilo do artilheiro Galhardo, nos acréscimos.

Flamengo e Inter se enfrentarão pela 81ª, vez com vantagem gaúcha de 30 a 27. Mas, como mandante, os cariocas têm vantagem bem mais significativa, de 22 vitórias e apenas sete derrotas, com mais sete empates.

Empate, aliás, será ótimo negócio para o Colorado, que manterá um ponto à frente e receberá o Corinthians na derradeira rodada, enquanto o Flamengo irá ao Morumbi enfrentar o algoz São Paulo.

Arte ou força? Faça sua escolha.

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