Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Mundial de Clubes 2020

Tigres sobrou contra Palmeiras, em nova mostra da queda do futebol nacional

O dia em que cairmos na real e exigirmos mudanças estruturais, talvez as coisas comecem a mudar

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O Tigres é um time lento, velho e pior que o Palmeiras. Pensemos no Bayern Munique, aí sim, será difícil.

Eis a tônica do tradicional autoengano brasileiro ou o me engana que eu gosto para agradar torcedor e não ser agredido nas redes antissociais.

Daí o Tigres bota o Palmeiras no bolso, Weverton tem de fazer milagres, o time mexicano é muito mais perigoso, ganha o jogo por 1 a 0 e elimina os brasileiros, mata o sonho do título inédito.

Porque há muita gente que se recusa a aceitar que o futebol brasileiro está na segunda divisão mundial, não bota mais medo em ninguém e que, no máximo, temos times para consumo interno —ou no limite das fronteiras da América do Sul.

Aliás, o que o Flamengo fez em 2019 foi excepcional, ao levar o jogo para prorrogação contra o fortíssimo Liverpool.

Vencer o Mundial de Clubes parece tarefa assim como querer que o campeão brasileiro de basquete ganhe do Los Angeles Lakers, embora a diferença para o Tigres não seja desse tamanho, como é para o Bayern Munique.

O futebol nacional caiu tanto que a derrota para o Tigres dói menos que a para o Manchester United, em 1999.

Porque, então, o Palmeiras jogou melhor, diferentemente do acontecido em Doha, quando o Tigres sobrou no gramado.

E olhe que o Tigres nem chegou a ser tão superior como o River Plate no jogo de volta das semifinais do torneio continental.

O dia em que cairmos na real, olharmos para dentro com olhar crítico e exigente de mudanças estruturais no modo de gestão dos clubes brasileiro, talvez as coisas comecem a mudar.

Ou será por acaso que o último campeão mundial de seleções deste lado do mundo aconteceu em 2002?

Ou será por acaso que o último campeão mundial de clubes deste lado do mundo aconteceu em 2012?

Resta o consolo de Fernando Pessoa e o rio da aldeia dele.

Afinal, o Palmeiras ganhou neste ano o campeonato do estado dele, a taça do continente dele e ainda pode ganhar a copa do país dele.

Definitivamente não é pouca coisa, aliás é muita, quase tudo que qualquer time pode almejar.

Apenas não dá para enfrentar LeBron James. Ou Lewandowski.

Ou até mesmo André-Pierre Gignac, o artilheiro francês do Tigres campeão da América que, aos 35 anos, mete medo.

Porque Pelé, Mané Garrincha, Didi, Gerson, Tostão, Rivellino, Romário, Ronaldos, Rivaldo, fazem parte do passado.

Mexida do VAR

Arsène Wenger, lendário treinador francês do Arsenal por 22 anos, voz muito ouvida na Fifa onde comanda o departamento de desenvolvimento global do futebol, quer mudar a lei do impedimento, porque o VAR tem demonstrado à exaustão a agressão ao seu espírito, o de coibir que o atacante leve vantagem sobre o defensor.

Ora, ninguém fica centímetros à frente de maneira deliberada e Wenger quer estabelecer a necessidade de que haja distância clara sobre o penúltimo defensor, ou seja ampliar o conceito de mesma linha: se houver uma sombra do atacante no defensor, segue o jogo. Faz todo sentido.

Clube-empresa

A eleição do senador mineiro Rodrigo Pacheco para a presidência do Senado pode ser ótima notícia para o futebol brasileiro.

Ele é o autor do melhor projeto de lei para estabelecer o urgente regime da Sociedade Anônima do Futebol e não terá mais os deputados Rodrigo Maia e Pedro Paulo para atrapalhar com o projeto deles, apenas para salvar o Botafogo.

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