Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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A trapaça do secretário-menor

Walter Feldman deita falação falaciosa e acha que engana quem não é trouxa

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Walter Feldman, o secretário-menor da CBF, aprendeu a dar nó em pingo d’água desde cedo.

Não fosse assim e não teria começado a vida clandestina no PCdoB para terminar a vida pública na CBF, com direito a deliciosa passagem de um ano em Londres, quando, às vésperas da Olimpíada, no Rio, ele, secretário de Esportes, em São Paulo, foi aprender, à custa do erário, como se organiza o megaevento.

Convenhamos, não é para qualquer um, nem se conhece que contribuição pôde dar aos cariocas.

Na última segunda-feira (29), ele esteve no “Bem, Amigos!”, por mais de uma hora para explicar por que a CBF é a favor da continuidade do futebol.

Chegou a decretar que a interrupção dos jogos prejudicaria o combate à pandemia, porque devolveria 13 mil profissionais às comunidades sem mais acompanhamento como têm hoje.

Generoso com os jornalistas, imaginou quantos, que se dedicam à cobertura esportiva, perderiam seus empregos.

Ainda bem que Cléber Machado, no comando do programa, o lembrou que essa coisa de demitir existe desde que inventaram essa coisa de contratar.

O ponto alto do persuasivo pronunciamento do cartola deu-se quando apresentou números de pesquisa da entidade que revelam apenas 2,2% infectados no mundo do futebol.

Admitamos que seja verdade, embora não haja motivo algum, há décadas, para acreditar no que diz a Casa Bandida do Futebol.

Walter Feldman discursa durante o evento Somos Futebol, 3ª Semana de Evolução do Futebol Brasileiro, realizado no auditório da CBF, em 22 de abril de 2019, no Rio de Janeiro - Lucas Figueiredo/CBF

Feldman ainda finge não entender onde está o problema.

E secundário o risco de infecção nos jogos, mas não o causado pelas torcidas em torno dos estádios, dos ônibus dos times, nos bares clandestinos, como era o PCdoB, ou legais, como é passar temporada em Londres flanando com tudo pago pelo cidadão.

Além do caráter simbólico, como tentaram explicar no estúdio e ele passou por cima.

Verdade que usou argumento habilidoso ao dizer que prefere remar contra a corrente porque a história registra diversos casos em que a maioria estava errada e, de fato, assim é.

Verdade também que não se conhece nenhum caso desses envolvendo a CBF, mas relevemos.

Infelizmente os colegas presentes ainda não conheciam os dados de pesquisa da Fapesp sobre o futebol paulista na pandemia e não puderam confrontar com os da CBF.

Atenção: a CBF prescinde de apresentação e se houver alguma dúvida lembre-se de seus últimos três presidentes e que o atual é mera continuidade deles.

Já a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo exala credibilidade.

Eis que sua pesquisa revela número de infectados bem diferente, mais de cinco vezes maior que o da CBF —11,7%.

Em quem acreditar?

Em quem também disse, no programa do SporTV, que Rogério Caboclo tem amplo e democrático diálogo com a cartolagem nacional, depois do cala-boca dado no subserviente mais alto mandatário do Palmeiras?

Aliás, que coisa, hein? Enquanto clubes como o Corinthians, Fluminense, Vasco, entre outros, se manifestaram com contundência sobre o triste aniversário do Golpe de 64, o Palmeiras e o São Paulo calaram, enquanto o Flamengo adotou exxperto, e ambíguo, Democracia Sempre.

É claro! Agarrados nas partes pudendas do genocida, uns calam e outros, se cobrados, dirão que repercutiram a infame, embora menos ruidosa do que os fascistóides gostariam, nota do Ministério da Defesa.

Saudades do torcedor santista Ulysses Guimarães: “Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.

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