Walter Feldman, o secretário-menor da CBF, aprendeu a dar nó em pingo d’água desde cedo.
Não fosse assim e não teria começado a vida clandestina no PCdoB para terminar a vida pública na CBF, com direito a deliciosa passagem de um ano em Londres, quando, às vésperas da Olimpíada, no Rio, ele, secretário de Esportes, em São Paulo, foi aprender, à custa do erário, como se organiza o megaevento.
Convenhamos, não é para qualquer um, nem se conhece que contribuição pôde dar aos cariocas.
Na última segunda-feira (29), ele esteve no “Bem, Amigos!”, por mais de uma hora para explicar por que a CBF é a favor da continuidade do futebol.
Chegou a decretar que a interrupção dos jogos prejudicaria o combate à pandemia, porque devolveria 13 mil profissionais às comunidades sem mais acompanhamento como têm hoje.
Generoso com os jornalistas, imaginou quantos, que se dedicam à cobertura esportiva, perderiam seus empregos.
Ainda bem que Cléber Machado, no comando do programa, o lembrou que essa coisa de demitir existe desde que inventaram essa coisa de contratar.
O ponto alto do persuasivo pronunciamento do cartola deu-se quando apresentou números de pesquisa da entidade que revelam apenas 2,2% infectados no mundo do futebol.
Admitamos que seja verdade, embora não haja motivo algum, há décadas, para acreditar no que diz a Casa Bandida do Futebol.
Feldman ainda finge não entender onde está o problema.
E secundário o risco de infecção nos jogos, mas não o causado pelas torcidas em torno dos estádios, dos ônibus dos times, nos bares clandestinos, como era o PCdoB, ou legais, como é passar temporada em Londres flanando com tudo pago pelo cidadão.
Além do caráter simbólico, como tentaram explicar no estúdio e ele passou por cima.
Verdade que usou argumento habilidoso ao dizer que prefere remar contra a corrente porque a história registra diversos casos em que a maioria estava errada e, de fato, assim é.
Verdade também que não se conhece nenhum caso desses envolvendo a CBF, mas relevemos.
Infelizmente os colegas presentes ainda não conheciam os dados de pesquisa da Fapesp sobre o futebol paulista na pandemia e não puderam confrontar com os da CBF.
Atenção: a CBF prescinde de apresentação e se houver alguma dúvida lembre-se de seus últimos três presidentes e que o atual é mera continuidade deles.
Já a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo exala credibilidade.
Eis que sua pesquisa revela número de infectados bem diferente, mais de cinco vezes maior que o da CBF —11,7%.
Em quem acreditar?
Em quem também disse, no programa do SporTV, que Rogério Caboclo tem amplo e democrático diálogo com a cartolagem nacional, depois do cala-boca dado no subserviente mais alto mandatário do Palmeiras?
Aliás, que coisa, hein? Enquanto clubes como o Corinthians, Fluminense, Vasco, entre outros, se manifestaram com contundência sobre o triste aniversário do Golpe de 64, o Palmeiras e o São Paulo calaram, enquanto o Flamengo adotou exxperto, e ambíguo, Democracia Sempre.
É claro! Agarrados nas partes pudendas do genocida, uns calam e outros, se cobrados, dirão que repercutiram a infame, embora menos ruidosa do que os fascistóides gostariam, nota do Ministério da Defesa.
Saudades do torcedor santista Ulysses Guimarães: “Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.