Não que Manchester City e PSG tenham feito uma semifinal ruim no jogo de volta na Inglaterra.
Ao contrário, o jogo agradou, a vitória por 2 a 0 dos ingleses acabou justa, mas é inegável que a ausência de Mbappé frustrou quem queria ver os dois times com força máxima, assim como o gramado tomado pelo gelo prejudicou a qualidade técnica do primeiro tempo.
Que o jovem e extraordinário francês fez falta é óbvio e que Neymar acabou castigado por não ter a companhia dele também, apesar de o brasileiro ter tentado resolver tudo sozinho.
Teria sido diferente o resultado final com Mbappé em campo?
Impossível responder, embora ele estivesse no jogo em Paris e nem por isso tenha conseguido impedir a derrota por 2 a 1.
Cabe também perguntar, para relativizar a dor parisiense: teria o PSG passado pelo Bayern de Munique se o time bávaro pudesse ter escalado o atual número 1 do mundo, a fábrica de gols polonesa Lewandowski?
Também jamais saberemos, embora seja menos arriscado dizer que o experiente atacante fez mais falta que Mbappé.
E aí vêm à mente uma porção de jogos e situações em que ausências e presenças causaram tristezas e alegrias.
Por exemplo: qual teria sido o final da campanha daquela seleção brasileira na Copa de 1982 se Reinaldo, ou Careca, estivesse no comando do ataque em vez da terceira opção, Serginho Chulapa, um baterista em meio a violinistas?
Quem conviveu com Telê Santana sabe o quanto ele lamentava não ter podido contar com Reinaldo, que ele dizia ser o complemento de um quarteto de virtuosos, ao lado de Falcão, Zico e Sócrates. Seria como os Beatles, dizia Telê, que até hoje paga pela injusta fama de ter barrado o ídolo do Galo por razões políticas, algo que o próprio Reinaldo alimenta, embora seja falso. Telê perseguiria um por razões políticas e daria a faixa de capitão para Sócrates? Qual a lógica?
E 20 anos antes de 1982, na Copa do Mundo do Chile, quando o Brasil perdeu Pelé no segundo jogo e por pouco não acabou eliminado no terceiro, pela Espanha, quando o substituto do Rei, Amarildo, fez os dois gols da virada por 2 a 1?
Até hoje estaríamos dizendo que o bicampeonato não veio pela ausência do melhor de todos os tempos e, no entanto, veio para consagrar o botafoguense Possesso.
Teria acontecido o 7 a 1 se Neymar e Thiago Silva estivessem em campo?
Há quem jure que não e é bem provável que tenha razão, mas como saber?
Do mesmo modo é possível que a conquista do pentacampeonato, em 2002, na Ásia, tivesse sido facilitada se Romário estivesse lá, embora também haja quem jure que ele atrapalharia o clima da “família Scolari”. Pode ser, mas, não tenham dúvida a rara leitora e o raro leitor: se o Brasil não voltasse campeão, o insucesso seria atribuído à teimosia de Felipão.
Finalmente, como teria sido a decisão da Copa de 1998 se Zagallo tivesse a coragem de barrar o convulsionado Ronaldo Fenômeno e mantido Edmundo, só para pensar numa situação em que a solução seria abrir mão do gênio e escalar o normal?
Edmundo, o Animal, repetiria Amarildo, o Possesso?
Todas perguntas sem respostas, mas com pelo menos uma conclusão inarredável: a frustração pela ausência de Mbappé contra o City foi diretamente proporcional àquela causada pela falta de Lewandowski contra o PSG.
Porque o jogo ideal da Champions seria entre Manchester e Munique.
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