A pergunta mais frequente dos últimos dias tem sido: por que os jogos da Eurocopa são tão melhores e mais empolgantes que os da Cova América? Não existe apenas uma resposta, mas muitas, a começar pela diferença dos gramados nos quais os dois torneios estão sendo disputados.
Do mesmo modo que não adianta dar o melhor dos pianos para um mau pianista, nem o melhor dos concertistas será capaz de proporcionar bom concerto em piano desafinado.
E é exatamente o que a Cova América oferece a alguns dos melhores jogadores do Planeta Bola, como Lionel Messi, Neymar e Luis Suárez, para citar apenas três.
Daí não podermos esperar muito do embate entre Brasil e Chile nesta sexta-feira (2), pelas quartas de final da copa continental.
Ao contrário, no mesmo dia, é enorme a expectativa para o jogo entre a nova Itália e a Bélgica, ao que tudo indica, infelizmente, e bote infelizmente nisso, sem o estupendo Kevin De Bruyne e Eden Hazard, ambos machucados.
Aí entra outro quesito que desequilibra a comparação entre as duas copas: a qualidade dos jogadores.
O futebol europeu progrediu tanto nos últimos anos que é possível encontrar jogadores suíços melhores que uruguaios, ucranianos superiores aos argentinos e belgas que deixam brasileiros para trás. E não são só as exceções, os excepcionais como De Bruyne.
Finalmente, no momento, há o fator torcida, lá presente, embora caibam sérias dúvidas se não houve precipitação e relaxamento, e aqui não. É claro que o torcedor faz diferença e muita.
O Engenhão vazio e com gramado abaixo da crítica mais parecerá cenário de filme lixo, ao passo que o estádio de Munique, onde italianos e belgas jogarão, vai se apresentar como palco impecável.
Achar que tudo isso é indiferente aos participantes do espetáculo é desconhecer como funcionam as cabeças dos artistas que amam estar onde o povo está.
Amam estar onde o povo está e precisam de gramados perfeitos para expor sua arte, sem precisar olhar para a bola, sem se preocupar com a redonda na canela ou, pior, com o buraco assassino que destrói carreiras.
Não bastasse a irresponsabilidade do governo em trazer a Cova América para o Brasil, o improviso e a perseguição política ao rejeitar, por exemplo, São Paulo e seus três ótimos estádios como sede, obrigaram a realização de partidas onde ficou exposta a vergonha nacional, objeto, aliás, de justas críticas do técnico Tite aos bandidos (por conta do colunista) da Conmebol, a casa onde se comem bolas, sabem a rara leitora e o raro leitor quais.
Enfim, em condições normais de temperatura e pressão, a seleção brasileira passará pela chilena e chegará às semifinais.
Caso seja eliminada, além de perder apenas pela quinta vez sob o comando de Tite em 59 jogos, com 42 vitórias, fará um favor enorme aos jogadores “estrangeiros” que poderão folgar um pouco —e aos clubes brasileiros que têm os seus ocupados nesta deprimente Cova América.
Depois de ver a campeã mundial França eliminada pela Suíça nas oitavas de final da Euro, nada mais surpreenderá.
O Chile será também o próximo adversário dos brasileiros nas eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar, dia 2 de setembro, em Santiago.
E, quando o Qatar chegar, aí sim veremos, em bons gramados, do que a seleção brasileira será capaz diante de adversários europeus.
De resto, vale pouco, pouco vale.
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