Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Depois de tanto suspense, jogadores da CBF pariram um rato, como se esperava

Atletas da seleção se comportaram como sempre, de joelhos, imaturos, muristas

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Como era de se supor, os jogadores da seleção brasileira fizeram um manifesto pela luz elétrica e pela água encanada: são contra a Cova América, mas não vão enterrá-la, porque são profissionais, sonham em vestir a camisa amarela, blá-blá-blá.

Enfim, comportaram-se como sempre, de joelhos, imaturos, muristas. Em resumo, jogador de futebol tem de jogar futebol, estudante tem de estudar, trabalhador tem de trabalhar e deixar a política para os políticos, com o que o povo que se lasque, o país que se vire, a seleção acima de tudo, Deus acima de todos.

Como era de se supor, os jogadores da seleção brasileira fizeram um manifesto pela luz elétrica e pela água encanada - Cesar Olmedo/Reuters

Tratemos, pois, de futebol.

Contra o Paraguai, no Defensores del Chaco vazio, o que torna as coisas menos difíceis, a seleção jogou de azul depois de amarelar diante da hipótese do boicote e não teve maiores problemas para derrotar os anfitriões por 2 a 0, o que não acontecia desde 1985. Completou, como se sabe, seis vitórias em seis jogos, único ponto em comum com João Saldanha na campanha que classificou o time para a Copa do Mundo de 1970, no México.

Diga-se que foi uma terça-feira (8) de bela apresentação da seleção olímpica contra a Sérvia, na vitória por 3 a 0, mais encantadora do que a vitória sobre os paraguaios, embora também com atuação segura e bons momentos, apesar das muitas chances desperdiçadas.

Ganhar de sul-americanos tem sido uma constante até maçante e nada desafiadora. Como bem sabem Tite e seus jogadores, o problema está quando aparece uma Bélgica pela frente, uma França, da Alemanha nem é bom falar.

E o cardápio dos próximos quase 30 dias será de absoluta monotonia técnica, com a Cova América para atrapalhar o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.

Aguardemos para ver como o genocida comemorará meio milhão de mortos em meio ao torneio que fez questão de trazer, irresponsavelmente, ao país.

NERO$FELDMAN$CABOCLO

O presidente de fato da CBF, Marco Polo Del Nero, embora banido do futebol pela Fifa, quando estudante de Direito no Mackenzie, em São Paulo, era membro, e jamais negou, do famigerado CCC, o Comando de Caça aos Comunistas, grupo que invadia teatros para agredir atores e estudantes de esquerda.

Ao suceder José Maria Marin, preso nos Estados Unidos, na Casa Bandida do Futebol, em 2015, ele escolheu como seu braço direito o secretário-menor Walter Feldman, cuja vida política começou no PCdoB, o Partido Comunista do Brasil.

Nero abdicou de mandar comunistas para fogueira e passou a pagar régios salários ao, até onde se sabe, ex-comunista.

Alguém dirá, cinicamente, que ambos progrediram.

Como aqui mencionado, o secretário-menor em silêncio assim que surgiram as denúncias sobre assédio sexual e moral do agora afastado Rogério Caboclo era mau sinal para o assediador.

Não terá sido por outro motivo que Caboclo quis demiti-lo ao se perceber traído, mas era tarde demais.

Ex-comunistas são um perigo, mais até do que neocomunistas, como Tite...

Caboclo está liquidado no futebol, provavelmente complicado em casa, mas seguro financeiramente, basta ver o que amealhou desde que pisou na CBF. (A propósito, o sítio “De Olho nos Ruralistas” faz um eloquente resumo das atividades empresariais do assediante e de seus colaboradores.)

Quanto à participação da seleção brasileira na Cova América, nenhuma surpresa.

São Tomé foi um sábio, e devemos agradecer a ele todos os dias por nos incentivar ao ceticismo.

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