Caíram o presidente assediador e o secretário-menor traidor, e subiu o coronel sem tropa com novo secretário-geral.
Nem importa citar nomes, porque todos sob a mesma matriz, a estrutura corrupta que fez da Casa Bandida do Futebol valhacouto de gente que, em regra, se deu mal na vida profissional fora do futebol e encontrou nele o deserto ético para se dar bem.
Um se fez por ser genro do chefão e veio de empresa financeira quebrada; foi sucedido por político biônico cria da ditadura; o terceiro não passou de advogado obscuro, carregador da pasta de presidente de federação estadual, que se especializou em articular um bando de medíocres para tomar a CBF de assalto. Parece ainda estar no comando, embora tenha precisado entregar os anéis para ficar com os dedos nos cordéis.
O anel que entregou cabe no dedo mindinho, uma inteligência à procura de um caráter, cuja capacidade de usar o discurso para esconder o pensamento se esgotou quando quis dar passo maior que as curtas pernas.
Até sentar no trono sentou em reunião, a derradeira dele, para qual nem sequer estava convidado, pois para vice-presidentes e não para funcionários.
A rara leitora e o raro leitor são capazes de dar nomes a cada uma das peças desse patético dominó que desmoronou para dar início a novo capítulo fadado ao mesmo fim.
Verdade que o assediador e o secretário-menor saem de cena com vantagem sobre o trio de ex-presidentes: ambos poderão viajar pelo mundo afora e esbanjar o que amealharam durante seis anos de salários régios e altas mordomias.
Sentirão falta? Certamente sim, mas devem admitir que jamais tinham imaginado viver aventura tão nababesca, paraquedistas que são no mundo da bola, a de couro.
Serão substituídos por mais do mesmo, seja entre os vice-presidentes, alguns até temerosos de serem expostos às luzes, como o filho de um ex-presidente da República, seja entre a coleção de funcionários opacos importados de São Paulo.
E aí é preciso dar nome aos bois e parar de brincar com quem leu até aqui.
O novo secretário-geral, aparentemente tão interino como o coronel, Eduardo Zebini, trocou a quebrada Fox Sports, no Brasil, pela CBF. Antes, tentou comandar a ESPN, compradora do espólio da empresa que ele chefiou e nem sequer pagou os direitos de seus profissionais mortos no voo da Chapecoense.
O diretor financeiro, também da leva dos paulistas, Gilnei Botrel tem no currículo a formação acadêmica nas prestigiadas Faculdades Integradas Campos Salles e na Universidade Bandeirantes de São Paulo, além de ter aprovado a última jogada do assediador, ao comprar um jato de R$ 71 milhões.
Botrel é, no momento, quem manda soltar e prender na CBF, o homem que o Marco Polo (pronto, falei!) que não viaja gostaria de ver na presidência.
É diante desse quadro que os clubes têm uma oportunidade de ouro para romper com sete décadas de pisoteamento de seus interesses e mostrar que não são, perdão pelo chavão, areias do mesmo saco.
Claro que para tanto precisarão achar dirigentes realmente preparados para organizar e tocar a Liga de Clubes, sem nem pensar em alguém que já está costeando o alambrado, tanto na CBF quanto na Liga, o Jim Jones que levou o Corinthians à situação desesperadora em que se encontra.
Porque daí será melhor chamar de volta o Cabôco Assediadô.
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