Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Tóquio 2020

A abertura da Tóquiovid-2021 confirmou: Japão abriga Jogos mais políticos da história

Prepare-se para conviver com as emoções de vitórias e derrotas dramáticas e com gestos de protesto

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Já se previa, ou melhor, quase já se sabia, e a abertura da Tóquiovid-2021 confirmou: o Japão abriga os Jogos Olímpicos mais políticos da história, apesar de Berlim-1936 e a propaganda nazista; de Munique-1972 e o atentado terrorista contra a delegação de Israel; Moscou-1980 e o boicote dos Estados Unidos; e Los Angeles-1984, com a revanche da órbita comunista.

Tóquio será palco, ao que tudo indica, só da boa política, ao contrário dos exemplos anteriores. Porque não só consagrará o direito de manifestação dos atletas mas, tão importante quanto, a igualdade racial, de gênero e religiosa.

Em meio à desgraça da pandemia, apesar da irresponsabilidade do desafio ao vírus, mesmo com a opção por diminuir prejuízos a qualquer custo, 11.687 atletas, representando 204 países, devem fazer pulsar corações e mentes do mundo inteiro.

Prepare-se, pois, para conviver com as emoções de vitórias e derrotas dramáticas e com gestos de protesto, de afirmação, da voz política que não é mais possível calar.

A festa de abertura, naturalmente fria porque sem público, já deu o tom da diversidade, com a preocupação de equilibrar as diferenças no desfile de cada delegação. Até mesmo países marcados pelo machismo se dobraram à equivalência.

A frieza não escondeu a intenção, a ausência do calor humano não inibiu as dores do parto do mundo pós-pandêmico, aconteça quando acontecer.

E duas pessoas devem agradecer ao estádio vazio: o premiê japonês, Yoshihide Suga, e o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach; eles seriam vaiados pela grande maioria dos possíveis 68 mil presentes.

A festa de abertura foi naturalmente fria, porque sem público - Kai Pfaffenbach/Reuters

ANALISTA DE BAGÉ

Dos dez times brasileiros que disputavam os dois torneios continentais em curso, só a dupla Gre-Nal está eliminada. Se não com humilhação, com dois resultados acachapantes, porque o tricolor depois de derrotar a LDU no Equador, e o Colorado após perder um montão de gols, pênalti, inclusive, e ser desclassificado no Beira-Rio pelo paraguaio Olimpia.

O Grêmio campeão mundial e tri da Libertadores. O Inter campeão mundial e bi da Libertadores, ambos aparentemente traumatizados por insucessos recentes, capazes de derrubar, no Grêmio, a estátua Renato Portaluppi, quebrar rapidamente o encanto Felipão e causar, no rival, interminável desfile de treinadores.

Parece caso para o impagável personagem de Luis Fernando Verissimo, o Analista de Bagé e seus joelhaços bem ali onde o homem vê estrelas sem precisar sair do chão em Porto Alegre.

Porque os dois times andam exagerando no mister de perder.

O Grêmio desde que levou de cinco do Flamengo nas semifinais da Libertadores de 2019 nunca mais foi o mesmo, como se o fantasma de Jorge Jesus pairasse sobre o Rio Grande do Sul. Além de estar na fila do Campeonato Brasileiro desde 1996 —lá se vão inacreditáveis 25 anos—, nesta temporada o esforço será para não cair.

Pior inferno vive o Inter, que jejua desde 1979, mais de quatro décadas, depois de ter dominado a década de 1970, com três títulos, com Paulo Roberto Falcão, Paulo César Carpegiani e Don Elías Figueroa.

Só mesmo o joelhaço do Analista, o que transforma dores menores na dor maior e bota por terra frescuras, mimimis e, principalmente, o medo de ganhar.

À dupla restou o Brasileirão, em que habita a parte de baixo da tábua de classificação.

O Analista é freudiano no diagnóstico e heterodoxo no tratamento. Pode dar certo.

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