Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Título da Argentina merece comemoração, mas jogo não honra as duas escolas

Partida horrorosa da Cova América estava a cara da Conmebol e da CBF

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Ganhar a taça continental no Maracanã, e contra a seleção brasileira, tem gosto especial mesmo. Especialíssimo!

Melhor teria sido, e quase deu, ganhar a Copa do Mundo lá, mas Higuaín não é Di Maria e perdeu a chance que valeria o tricampeonato dos hermanos.

Já que a maior das copas foi impossível, a da América, ainda mais depois de 28 anos de jejum, é digna de comemoração.

O 15º título argentino iguala a marca uruguaia e aumenta a vantagem para seis em relação aos brasileiros que, sabemos, não dão lá muita importância ao torneio.

Ainda mais esse, trazido de improviso, irresponsavelmente pelo genocida, chamado de Cova América.

A vitória da Argentina por 1 a 0 foi justa porque aproveitou a única chance que teve no primeiro tempo, com Di Maria.

Justa e pobre, porque os argentinos fizeram muito pouco para vencer, e os brasileiros quase tudo para perder.

Bola por bola, o 0 a 0 ficaria melhor.

Nem se trata de ganhar ou perder a taça.

A questão é outra. A questão é a qualidade do jogo que vimos na finalíssima entre duas das escolas mais sofisticadas do futebol mundial, incapazes de serem criativas, à espera do erro do adversário.

Jogo truncado, com 41 faltas, apenas 78% de acertos de passes dos vencedores, só quatro chutes no gol, dois para cada lado, assim como se fosse uma partida entre, digamos, Venezuela e Bolívia.

Definitivamente um nível técnico que não honra o Rei Pelé, nem Alfredo Di Stéfano, Mané Garrincha, Diego Maradona, nem Lionel Messi, e nem Neymar.

Rara leitora, raro leitor, o jogo foi horroroso, o gramado estava péssimo, a cara da Conmebol, da CBF, da Cova América, do improviso que bons jogadores não merecem.

Se o futebol desse lado do mundo se contentar em ganhar campeonatos, seja entre seleções, seja entre clubes, com qualidade tão rasteira como vimos tanto na última decisão da Libertadores entre Palmeiras e Santos, quanto como no recente Argentina e Brasil, cada vez mais o torcedor brasileiro se desinteressará da seleção, ficará ligado apenas ao seu time de coração e voltará os olhos para o jogo jogado na Europa.

Exatamente como acontece com quem gosta de basquete e a NBA.

Por tudo isso, reconhecida a vitória dos queridos vizinhos como digna de festa, tomara que os dois lados tomem consciência de que podem muito mais.

Finalmente, uma ironia: a Cova América que o governo argentino abdicou, responsavelmente, de fazer, acabou abrigada pelo genocida para ser palco da festa dos nobres visitantes.

Do mesmo modo que por aqui não haveria comemoração caso a seleção brasileira vencesse, não se sabe de nenhum torcedor brasileiro que tenha chorado com a derrota.

Azzurra bi!

“Stasera Londra sarà distrutta”, ameaçou o fascista Benito Mussolini em plena Segunda Guerra Mundial. Felizmente para os democratas do planeta, Londres não só não foi destruída como resistiu e ganhou.

Neste domingo (12) a Itália sonhou que sairia duplamente vitoriosa da capital inglesa.

Primeiramente no tênis, à tarde, em Wimbledon, mas o excelente Matteo Berrettini caiu diante do monstruoso Novak Djokovic por 3 a 1, em jogo espetacular.

À noite, a nova e bela Azzurra fez a parte dela e saiu de Wembley bicampeã da Europa.

Depois de sofrer gol inglês aos 2 minutos, empatar no segundo tempo, ser superior, perder Chiesa, o melhor em campo, por lesão, resistir em sua terceira prorrogação e ganhar nos pênaltis. Avanti, Azzurra!

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